
No
total são doze poemas, deveras grandiloqüentes com seus símiles, adjetivos
inesperados, desejos de infinito, imagens que se perdem na distância, lirismo
exacerbado e sombrio, antropomorfismo, pleonasmo, advérbios de modo, exaltação
do eu e do próprio sentimento. Tons e recursos que não serão muito diferentes
dos poemas, nos quais se insere, dominante, a presença feminina. Ou, apenas
delineada: olhos enlutados, mariposa sangrenta, porém, possuidora das marés; ou, feita de espumas débeis e ligeiras, mas que não lhe são de valia
porque no seu cansaço todos as folhas
caem, morrem ./ Caem, morrem todos os
pássaros. Caem, morrem as vidas; ou, repudiada pelo Poeta quando implora
que se afaste porque sua alma deve estar sozinha. Evanescente, no poema cinco,
iniciado pela palavra amiga em que pede
e reitera que não morra, enumerando as próprias qualidades (sou eu o que nos lábios guarda sabor de uva,
o que cortou jacintos para teu leito, e
rosas), imprescindível na sua ânsia
de entrega.
Tinha
o Poeta dezenove anos e, aliada às tristezas e desalentos da idade, as
urgências de Eros, eludindo inquirições que se fazem, então, bem poucas. No
primeiro poema, por que não há de ser ele a ultrapassar o limite da luz e da
sombra? Nos demais (no quarto, no oitavo, no décimo), a pergunta é dirigida à
mulher: se a sua presença é sentida por ela em todos os silêncios e todas as palavras?. E, dispondo-se a ser depositário
de tudo o que ela sente pertencer-lhe e por ela ser possuído, ampliando esse desejo
na ânsia de não querer limite, se alçar, pretender o tangível, o duradouro.
Então se pergunta: quem irá romper esta vibração de minhas asas? No
décimo poema, fala à mulher como escrava minha, aceita que esteja dentro dele: longe, fugindo como um coro de névoas perseguidas. E indaga: perto
de mim, mas onde?
Ainda
que um ser desconhecido cuja posse perseguia, para a sua juventude a mulher era
a quimera alcançada, o caminho desejado, o porto atingido, o entrelaçamento
inalterável, o desígnio fatal: amor e desamor. De certezas, apenas as emoções
que a juventude lhe jogava à flor da pele.
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