Publicou
Verde que se oye em 1971 e Palabras cruzadas em 1977. Quinze anos
depois, pela Fundación Instituto Superior de Estudios Lingüísticos y Literarios
(Buenos Aires), Alumbramiento de los
dias, um conjunto de sonetos. Em epígrafe, um texto de Enrique Larreta
busca a definição do soneto, esse poema de engenhosa
geometria que não tolera o prestígio
meramente verbal, mas busca o sentido pleno da espiritualidade.Presos
nos quatorze versos, o milagre de um
cárcere mais livre que o ar de
seus decassílabos, o sentir de Maria Judith Molinari.
Sentir
abrasado pelos pequenos milagres do cotidiano: o cheiro da chuva, o brotar dos
jasmins, o bater dos sinos, o círculo de pássaros no céu, a serena claridade da
janela, o desfolhar de uma árvore. Sentir onde pulsa a emoção das lembranças.
As manhãs, as tristes ausências, a memória da felicidade que perduram onde o
desejo do outro se esboça nas expressões que a ele se dirigem: Meu amor te abraça, quando o vento chama teu nome,
pensando em ti, desamparada, Eu sei que me traçaste este caminho, As
vezes me pergunto dos motivos / que
me levam a nomear-te em cada verso.
Principalmente,
um sentir que emerge na busca de si mesma. Maria Judith Molinari se compraz em
se procurar, em se encontrar, em se saber poeta. E os jogos de palavras que
estabelece são cheios de cores – é o verde, o negro, o azul, o ocre e o marrom,
o vermelho. É o branco do lírio e da magnólia, é o amarelo das acácias. Que
também remetem à simplicidade de sentidos plenos de um espaço exterior (lua,
rosas, laranjais, estrelas, sol, água, crepúsculos de espuma) e a uma paisagem
interior plena de fé e de esperança, de um confiar na palavra, de um confiar no
poema, oração de cada manhã.
Nas
palavras que antecedem em Alumbramiento
de los dias os seus sonetos, Maria Judith Molinari se confessa uma aprendiz
indisciplinada. No entanto, é no soneto que ela aprisiona seus versos tão
cheios de luz.
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