Malcolm
Cowley, ao falar para os escritores da Dinamarca, Rússia, Noruega, Holanda,
Alemanha, Inglaterra, França, Portugal, Espanha, México, Costa Rica, Argentina
e Cuba, que se reuniram em Madrid, para participar do II Congresso
Internacional de Escritores Antifascistas em 1937, (cujos depoimentos foram reunidos por
Manuel Aznar Soler e Luis Mario Schneider e publicados pela Editorial Laia, de
Barcelona, em 1979, sob o título Ponencias,
Documentos Y Testimonios), começa por dizer de suas expectativas com
relação a esse encontro. Tinha trinta e nove anos e já havia publicado um livro
de poemas, The Blue Juniata (1927) e
Exile’s Return (1934), onde testemunha sobre escritores norte-americanos da
década de 20. Mas, as questões que, então, o interessavam e sobre as quais
pensava falar antes de partir de Nova Iorque, acreditando poder ofertar a sua
contribuição, como poeta e como crítico – até que ponto o nacionalismo
literário é elogiável ou perigoso, como se tem desenvolvido a literatura
proletária, a função da crítica e as relações entre Literatura e sociedade –
passaram a ser secundárias quando, nos dias que passa na Espanha, se dá conta
que o único a ter sentido, diante do que presenciava, era a preocupação com a
guerra antifascista.
Nesse mês de
julho de 1937, era, ainda, o momento em que os republicanos espanhóis não
tinham sido vencidos e reinava a esperança. E Malcolm Cowley acredita que a
ajuda que pode oferecer é falar sobre a opinião pública dos Estados Unidos a
respeito dessa guerra.Informados, apenas, por uma imprensa de direita e, assim,
levados a simpatizar com um governo que se apresentava como democrático e
vítima dos ataques dos latifundiários e dos militares, os norte-americanos não
podiam ter uma idéia clara do que, realmente, estava a acontecer. A campanha
jornalística contra os republicanos espanhóis, iniciada pelos vinte jornais de
Randolph Hearst, era seguida pelos demais. Não apenas não possuíam informações
imparciais do que se passava, como escreviam apenas o que era de seu interesse:
assassinatos de religiosos, raptos de freiras, e o perfil de Franco a mostrá-lo
como um verdadeiro cavalheiro cristão que buscava salvar a Espanha da anarquia.
Quando, porém,
jornalistas foram enviados como correspondentes aos locais do conflito e
tiveram seus textos publicados pelo Herald
Tribune, pelo New York Times, pelo Chigago News, e pelo Nation, uma outra faceta do que
ocorria na Espanha foi sendo mostrada. Assim, o massacre ocorrido em Badajoz,
quando da tomada da cidade por Franco, noticiada in loco por Jay Allen, do Chigago
Tribune, o violento ataque a Bilbao e os bombardeios a Guernica e Almeria,
levaram à mudança de opinião que o grande esforço de alguns católicos,
sobretudo daqueles liderados pelo Bispo de Nova Iorque não conseguiu impedir.
E, como desde o início da guerra não era segredo para alguns intelectuais
norte-americanos que não se tratava apenas de uma luta contra a tirania
política, mas, também, contra a superstição e o analfabetismo, eles não se
calaram, traduzindo poemas, escrevendo artigos, formando comitês de auxílio
embora soubessem, contristados, não estar a fazer o suficiente para ajudar
nessa luta que se decidia em terras distantes.
Na verdade,
Malcolm Cowley ao se saber, como certos intelectuais norte-americanos que
acompanhavam a guerra, impotente, diante dos fatos, será levado, somente, a
vislumbrar o que é possível aos homens de letras: o uso da palavra. Então, pede
aos espanhóis escritores e aos seus companheiros, que falem dessas lutas,
contem de seus atos na frente de batalha, digam qual auxílio devem os
norte-americanos enviar.
Os
republicanos foram derrotados. E as palavras a eles dedicadas se perderam no
tempo e na melancolia de uma lei imutável: contra a força não há argumento.

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