Como todos os demais escritores a
quem foi perguntado, “ o quê tem
significado para você a Revolução Cubana?”,
pela revista Casa de las Américas que no seu número 212 de 1979 lhes
publicou as respostas, Jan Carew (1923, Guiana Inglesa) e Gérard Pierre-Charles (1935, Haiti) se mostram profundamente tocados pela incrível luta, pela
quase impossível e inacreditável vitória que fizeram da Ilha de Cuba um
luminoso fanal e guia.
Para Jan Carew, Gérard
Pierre-Charles e para os intelectuais e artistas da Argentina, Colômbia, Chile,
Costa Rica, México, Nicarágua, Panamá, Peru e Venezuela foi a imensa
descoberta: saber que o sonho podia ser possível e para todos do Continente.
Nascido na Guiana, Jan Carew
ainda era súdito do Império Colonial inglês quando ouviu pela primeira vez
falar desses cubanos, guerrilheiros barbudos, que lutavam na Sierra Maestra.
Então, na Guiana, o primeiro governo progressista havia sido derrubado pelas tropas
britânicas. Era o ano de 1953. Muitos de seus compatriotas foram para a prisão
e da luta revolucionária de Cuba quase tudo era escamoteado pelas agências
noticiosas capitalistas, assim como escamoteadas foram as subseqüentes vitórias
ganhas no trabalho das plantações e das fábricas e nas escolas pelos que
desejavam estudar.
Nada evitava, porém, que as
palavras da Ilha fossem escutadas em segredo e que estivessem em uníssono com a
escolha do povo da Guiana Inglesa tão escravizado
e tão saqueado economicamente como os
outros da América Latina.
Talvez mais do que todos, o
Haiti acorrentado na ignomínia de seus Papa Doc, seu Tontons Macoutes, seus
Baby Doc onde escutar a Rádio Rebelde de Cuba era motivo para uma condenação à
morte. Para fugir do terror que no Haiti se instaurava, Gérard Pierre-Charles
deixa a pátria e nas suas andanças do exílio tem sempre os olhos postos em Cuba
que representava o triunfo pleno contra a
expressão do capital, contra o colono
branco e seus lacaios locais. Lamentando que na sua terra, os impérios
econômicos ianques eram tanto quanto os governantes os verdadeiros donos do
país, isto é, donos da bauxita, do café,
do açúcar, da venda de sangue e de cadáveres.
Oriundos de espaços
diferentes, Jan Carew e Gérard Pierre-Charles entrelaçam a esperança no caminho
seguido por Cuba a esse testemunho do que ocorre em seus próprios países,
territórios dominados pela minoria que ignora os marginalizados do Continente onde
reina o saque, a usurpação e a grande
indiferença dos que possuem por aqueles que nada têm. Razões suficientes
para levar Jan Carew à certeza de que a
decisão de um povo pode derrotar as forças do imperialismo e reafirmar a
Gérard Pierre-Charles que a Ilha distante apenas setenta e oito quilômetros de
seu país, emerge como a síntese histórica
de todas as lutas e esperanças do Haiti,
dos povos do Caribe, da América Latina.

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