domingo, 9 de janeiro de 1994

Lá, longe

          Conhecereis a verdade e a verdade os fará livres. São João VIII, 32. São as palavras finais de Allá, lejos que, em 1992, recebeu o Prêmio Hammeth Internacional de Gijón, Espanha.

          Seu autor, o uruguaio Daniel Chavarría é pro­fessor de Línguas e Literaturas clássicas, etnólogo, tradutor e roteirista.

          Segundo a editora que lançou o seu livro em 1993, a Graffiti & Cal y Canto, de Montevidéu, trata-se de um romance de aventura e espionagem que se constrói num ritmo vertiginosamente cinematográfico.

          É um romance que abarca muitos anos e nesse longo espaço de tempo, sucessivamente, vão aparecendo um sem número de personagens e suas breves histórias.

          O primeiro é José Gamos de Andrade, vulgo Zé Bonitinho e o episódio em que atua tem como data, março de 1970. O último conta a origem de uma casa construída por Frank Lloyd Wright em 1913.

          Entre eles, muitos anos e a distância que me­deia entre Santarém, no Brasil e Langley na Virgínia, Estados Unidos. Uma distância tão grande quanto pode ser a diferença que separa o destino de um caboclo brasileiro daquele reser­vado ao grande arquiteto norte-americano.

          E, nada teriam em comum, não fossem esses episódios que se acumulam, livres das amarras de datas e es­paços geográficos, acompanhando um itinerário: o achado de uma planta de poderosos efeitos e as experiências originadas do afã de sua exploração.

          Muitos deles tratam das atividades falangis­tas na Espanha de Franco e das atividades de organizações alienígenas no Continente. Garras que se cravam aquém e além mas acobertadas por ideologias ou por muitíssimos dólares. Planos para dominar e destruir se delineiam. E os relatórios das pesquisas, se sucedem cheios de evidências sobre o des­respeito à vida e sobre o jogo de interesses que as norteiam.

          Conscientes ou não do que fazem, esses perso­nagens, que povoam as trezentas páginas do romance agem como fantoches. E os fios que lhe dão vida não são escamoteados movidos por uma CIA de reconhecível presença. Perniciosa pre­sença cujos atos são por demais conhecidos no Continente e inexplicavelmente tolerados.

 

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