domingo, 31 de maio de 1992

Os obscuros heróis da Conquista

                   Quando a esquadra de Fernão de Magalhães partiu, no dia 20 de setembro de 1519, de Sanlúcar de Barrameda, para a viagem que daria a volta ao mundo, o bufão Juanillo Ponce fazia, também, parte da tripulação. Suas graças haviam divertido os oficiais da Casa de Contratação de Sevilha, encarregados de engajar os que se propunham partir com a esquadra. Movido pela necessidade, ao morrer-lhe o amo, se encontrara sem ter o que comer e onde dormir, então se embarca na louca viagem, da qual, como todos os demais, ignora o rumo.

Três anos depois, chega, com os outros dezessete sobreviventes, de volta a Sanlúcar. Por contar nas praças e nas casas as aventuras das cinco naus que haviam partido em busca das especiarias e por fazer perguntas que não tinham resposta, seu nome foi retirado da lista dos que faziam jus à pensão do rei.

Para reavê-la, Junillo Ponce escreve ao velho Imperador Carlos V para lhe dar conta dos muitos prodígios e privações que a viagem lhe proporcionara e assim convencê-lo a lhe restituir o que merecia. Porque, argumenta, houve circunstâncias em que suas graças fizeram mais pela moral da empresa que a eloqüência e a paixão dos capitães.

Seu relato, efetivamente, dá conta dessa epopéia marítima na qual se perderam quatro barcos e duzentos e trinta homens. E, quando a esse relato ele acrescenta parcelas de sua vida e uma e outra de algum companheiro de viagem, a epopéia da circumnavegação se engrandece, enriquecida por expressões de sentimentos que a tornam, indubitavelmente, à medida do homem.

Juanillo Ponce é judeu converso o que já diz na primeira página do romance e, ao longo da narrativa, disso ele jamais se esquece.

Na verdade, ele não pode se esquecer desse destino que lhe coube: nascer de mãe judia e licenciosa e de pai desconhecido; ser levado à prática de um ritual drasticamente imposto; carregar o peso de um corpo anão e deformado.

Infelicidades que o levam na infância a querer entender a própria origem nesse obscuro passar de homens pela cama de sua mãe; mais tarde, ao dever servir uma verdade que nega aquela de seu avô; e, ainda, ter que ganhar a vida, aproveitando-se da deformidade de seu corpo.

Questionado pela Inquisição por afirmar que as crônicas oficiais eram cheias de mentiras e por procurar seus antigos companheiros de viagem e Beatriz a mulher de seu capitão, morto num combate em Zubu, foi torturado quatro mil vezes antes de assinar sem ler, para se livrar dos tormentos, a declaração de que jamais havia estado nessa viagem em busca das especiarias que deu a volta à Terra.

E, assim, perdeu a pensão à qual tinha direito. E, assim, perdeu a identidade. Temerosos daqueles que os julgaram, nenhum dos velhos companheiros concedeu reconhecê-lo e Juanillo Ponce passou a ser alguém que jamais havia existido.

Narrador de Maluco, romance do uruguaio Napoleón Baccino Ponce de León, prêmio Casa de las Américas 1989 que acaba de ser publicado no Brasil pela Companhia das Letras, Juanillo Ponce vítima de seu nascimento, vítima de sua pobreza, vítima da Inquisição e apenas desejando receber, por caridade de Carlos V, a pensão a que tem direito, conta o que aconteceu nessa viagem em busca de Maluco, o arquipélago das especiarias.

E, assim, com seus medos e alegrias, com sua fome e seu frio na longa viagem marítima cheia de percalços, remete, ingenuamente, sem maldade, como que sem pensar que pudesse ser diferente sua vida sob outras leis e sob outros homens, a essa Espanha que lançava nos mares os seus navios e jogava para os caminhos do exílio, do desespero, do aniquilamento, seus cidadãos. Aqueles que os governantes acreditavam que deviam submeter a sua fé e a seus interesses.

No entanto, a voz de Juanillo Ponce não chega estranha - e a Inquisição, e a injustiça, e os abusos de poder - neste Continente há 500 anos submetido.

domingo, 24 de maio de 1992

América e claridade


O obscuro na linguagem é um vestígio do antigo servilismo. Pablo Neruda

          Rodriguez Monegal no capítulo XIII de Elviajero inmovil, seu excelente livro sobre Pablo Neruda, comenta, dele destacando algumas idéias, o discurso pronunciado pelo poeta no dia 26 de maio de 1953 quando foi realizado em Santiago o Congresso Internacional da Cultura.

          Falando para intelectuais (entre eles Diego Rivera, Nicolás Guillén, Jorge Amado), Pablo Neruda enuncia alguns de seus princípios estilísticos, iniciando suas palavras com uma citação de Walt Whitman, o velho poeta americano cantor da democracia. Então, se refere ao Canto general cujos poemas, quase sempre, foram escritos em esconderijos onde Pablo Neruda se refugiava para escapar da prisão que o governo contra ele decretara. No entanto, a sua maior dificuldade, nesses momentos difíceis de fuga e isolamento, ele confessa, se constituiu, sobretudo, na luta para alcançar a simplicidade e a clareza.

          Porque, se a poesia, como o pão, entre todos deve ser repartida e se os humildes do Continente não sabem ler, a simplicidade passa a ser o primeiro dos deveres do poeta. Muito me custou sair da obscuridade para a clareza porque a obscuridade verbal passou a  ser entre nós um privilégio de casta literária e os preconceitos de classe consideram como plebéia a expressão popular e a simplicidade do canto, disse, então, no seu discurso. Embora não tenha conseguido se libertar, totalmente do culto pela palavra - e o poema “Mollusca gongoriana” é, sabidamente, disso a prova - esse desejo de que a linguagem, sem deixar de ser poética, seja a do homem e não a de uma casta, é plenamente alcançado no canto XVIII, quando ele dá voz aos homens do povo: o sapateiro, o marinheiro, o pescador, o mineiro. São poemas límpidos, transparentes que Neruda escreve, como claramente diz no poema La gran alegría” do canto XV, para esses simples habitantes que pedem   água e lua, elementos da ordem imutável / escolas, pão e vinho /  guitarras e ferramentas.

          Por esses homens Neruda lutou no Senado e para eles declamou seus poemas. Foi escutado.

          No seu livro de memórias Confieso que he vivido conta que em Lota, cidade das minas de carvão, dez mil mineiros estavam reunidos na praça para um comício político no qual ele também usaria da palavra. Quando chegou sua vez e anunciaram seu nome, os dez mil mineiros, ao mesmo tempo, tiraram os capacetes prestando-lhe assim uma homenagem espontânea, imensa. Uma expressão de calada reverencia..

          Ao dizer a seus pares, em Santiago, quisera deixar bem claro que para os poetas, América e claridad devem ser uma só palavra, ele oferece uma preciosa e norteadora lição da qual sua poesia é um exemplo.

          Ser compreendido por aqueles que deseja como centro de seus poemas e deles destinatários, também faz de Pablo Neruda um poeta único. Ele não apenas se impregnou das vozes de seu povo, como poetou para que esse mesmo povo se escutasse ao escutá-lo.

domingo, 17 de maio de 1992

As naus


 A Victoria estava tão maltratada que a cada dia avançava menos e era um milagre que continuasse sobre a água. Além disso ia tão inclinada e com as velas tão esfarrapadas que tinha se tornado ingovernável.

E, assim, chegava a Sanlúcar de Barrameda de onde partira. Para que pudesse avançar o pouco de distância que ainda faltava para atracar, a tripulação jogou no mar o traquete, a vela ré, o cabrestante, a âncora, os relógios, o astrolábio, os compassos e os mapas.
Das cinco naves que haviam partido sob as ordens de Fernão de Magalhães no dia 20 de setembro de 1519 para um rumo que apenas ele conhecia, só a Victoria voltara. Partiram valentes, levadas pelo vendaval para longe da costa, as  negras proas na sua louca carreira desapareciam sob as ondas para emergir triunfantes depois, escorrendo água por todos os lados.
Com elas, Fernão de Magalhães queria chegar, viajando rumo Este ao Arquipélago das Especiarias onde as árvores do cravo eram fonte de riqueza.
Três anos durou a viagem:cinco negras naus abrindo-se passos pressurosas em direção aos confins do mundo desconhecido e mais além.
Bosque de carvalho haviam sido – mais de mil altos, robustos carvalhos - que, transformados em frágeis madeirames, foram postos a flutuar sobre o mar: a Trinidad, nau capitã, a Santiago, a San Antonio, a Concepción e a Victoria com suas velas -  enormes pétalas de fazenda branca -  que o vento fazia como que florescer.
Nas tempestades quando o mar se encrespa e aumenta a força das ondas, elas parecem se quebrar; nas calmarias, se imobilizam como que pousadas em espelho de cristal azul. E manada de cavalos selvagens, negros e reluzentes de espuma, correndo desenfreadamente na direção do nada, elas parecem obedecer aos ventos.
Cruzam o Equador, depois navegam por mares frios. A Santiago naufraga no sul do Continente, antes de chegar ao Pacífico. A San Antonio se perde e a sua tripulação, num dos canais do Estreito de Magalhães. Depois de chegar às ilhas das Especiarias e àquela que os espanhóis chamam Maluco e ancorar em águas calmas, devem partir às pressas e navegar e navegar sem sentido. Então, a Concepción, a das mais brancas e lindas velas  a que já fora bela como uma noiva, que já deslizara sobre o mar com   a mágica elegância de um cisne foi queimada por não mais poder navegar.
Ao destino, Sanlúcar de Barrameda, no dia 6 de setembro de 1522, chegou a Victoria. Ela cheira a podre, a cabos ressecados, a bronzes carcomidos pela ferrugem, a velas infestadas de fungos, a porões vazios, a urinas e excrementos, cheira, também a sonhos destroçados. Ao sal de muitos mares. E a raivas, medo e desesperança.
Dos duzentos e cinqüenta homens, seus tripulantes, regressaram dezoito. Fernão de Magalhães, o capitão, havia dito:  depois de nossa viagem o mundo não será o mesmo.
Com eles haviam levado mil espelhos, pequenas contas de vidro e guizos e pulseiras de cobre e de latão e tecidos coloridos. Por “esses dons de sua civilização” transformaram o destino dos homens que os recebiam. Deles obtiveram em troca, verdadeiros tesouros que lhes havia prodigalizado a natureza.
Da empresa, anunciada por Fernão de Magalhães como a maior que o homem já tinha então conhecido, os  homens voltaram  pobres e famintos. Tinham lutado e sofrido. Tinham circunavegado a Terra.
Sobre eles e suas cinco naus é o romance Maluco do uruguaio Napoleón Baccino Ponce de León, Prêmio Casa de las Américas 1989.
Traduzido por Eric Nepomuceno, a Companhia das Letras, para grande proveito dos brasileiros, acaba de publicá-lo.

domingo, 10 de maio de 1992

Velho novo mundo


Neste mês de maio de 1992, faz dez anos que Los nacimientos, primeiro volume da trilogia Memoria del fuego foi publicado. Dos três, é o único que está dividido em duas partes: “Primeiras vozes” e “Velho Novo Mundo”.
A primeira parte é constituída das lendas do Continente na sua idade pré-colombiana: os mitos indígenas de fundação recreados por Eduardo Galeano a partir do material recolhido em livros de Antropologia. Na segunda, “Velho Novo Mundo”, em pequenos textos, pequenas peças de um vasto mosaico, Eduardo Galeano narra a história da América desde 1492 até o ano de 1700. Desde os medos e as inseguranças do punhado de homens que em três barquinhos remendados avançam pelo mar desconhecido que talvez se acabe no horizonte. Desde o primeiro gesto de Colombo ao chegar em Guanahani, caindo de joelhos e beijando o chão para, então murmurar, três vezes, os nomes de Fernando e Isabel a quem a partir desse dia, passou a pertencer a terra em que aportara: o mar de corais, as areias, as rochas verdíssimas de musgo, os bosques, os papagaios e estes homens de pele de louro que não conhecem a culpa nem o dinheiro e que, aturdidos, contemplam a cena. Alimentados por suas crenças, não duvidam terem diante de si os seres anunciados pelas profecias que chegariam do céu. Não podiam saber que logo eles iriam instalar nas ilhas e nas terras firmes um inferno constantemente renovado que não poupou nem a terra, nem as riquezas que essa terra continha, nem aqueles que, até então, eram seus donos.
E, espaços de horrores se sucedem a partir de 1492: no Haiti os espanhóis queimam os indígenas por haver enterrado as imagens de Cristo e da Virgem na esperança de que esses novos deuses ofertados pelos estrangeiros, fecundassem a terra onde haviam semeado o milho, a mandioca, a batata-doce e o feijão; em Tuxkahá, Cortéz decepa a cabeça do príncipe índio e o pendura pelos pés; no Chile, foram decapitados os sete caciques índios que haviam ido até os espanhóis em missão de paz; e a península de Yucatán presenciou, por ordem do bispo, transformarem-se em cinzas, oito séculos de literatura maya.
E, a medida que as naves dos ibéricos aportavam no Continente, ele foi sofrendo esse constante levantar do fogo e dos punhais sempre justificados por crenças e por direitos a serviço de ambições e ânsias de poder.
Corria o ano de 1562 e pendurados pelos pés, os índios recebiam banho de cera fervendo; no ano de 1574, fruto das delações, celebra-se o Auto da Fé na cidade do México e há os que são chicoteados e há os que morrem na fogueira por, de alguma forma ou de outra, terem se afastado das verdades eternas impingidas. Em 1583, índios donos de milharais irrigados por canais e represas, quando se recusaram a pagar tributo aos espanhóis, foram destruídos. Dos que sobreviveram, lhes cortaram o pé.
E, ano após ano, a conquista vai sendo feita. O Continente manchado de sangue e de maldades, pelas Instituições e pelo idioma que nele os ibéricos instalaram, passa a ter uma nova História.
Nela são cultuados os Conquistadores.
Cronologicamente, um ano depois do outro, Eduardo Galeano em Los nacimientos que a Editora Paz e Terra publicou em 1983, faz reviver a criação desse “Velho Novo Mundo”.
Nas suas palavras, exatamente como ele desejou, essas histórias - que a História Oficial estratifica em rígidos conceitos nos quais cabem apenas uma única versão, a dos Conquistadores - adquirem vida.
E novos sentidos que permitem ver não somente os pés de barro e as almas negras dos “heróis”, mas o acontecer de momentos luminosos.


Em plena Luz
        Lançando fumaça sob seu traje de ferro, atormentado por picadas e por chagas, Alvar Nuñes Cabeça de Vaca desce do cavalo e vê Deus pela primeira vez.
        As borboletas gigantes voam a seu redor. Cabeça de Vaca se ajoelha diante das Cataratas de Iguaçú. As torrentes, estrepitosas, espumantes, se atiram do céu para lavar o sangue de todos os caídos e redimir todos os desertos, torrentes que desatam vapores e arco-íris e arrancam selvas do fundo da terra seca: águas que bramam, ejaculação de Deus fecundando a terra, eterno primeiro dia da Criação.
        Para descobrir essa chuva de Deus Cabeça de Vaca tinha caminhado a metade do mundo e navegado a outra metade. Para conhecê-la tinha sofrido naufrágios e tristezas; para vê-la nasceu com olhos no rosto. O que lhe sobre da vida será um presente.

Eduardo Galeano. Tradução de Cecilia Zokner

domingo, 3 de maio de 1992

As cores

          Em maio de 1980, a Sorbonne organizou um Colóquio sobre o conto latino-americano. Durante o dia eram apresentados e discutidos os trabalhos e à noite acontecia uma sessão muito especial: os escritores liam seus contos. Então, diante de um auditório repleto, muitos deles, que a ditadura havia banido de seus países, elevavam a voz para expressar, na Velha Europa, o seu Continente.

          Entre esses, Eduardo Galeano. Exilado na Espanha e vivendo dos direitos autorais de seus livros, traduzidos para vários idiomas, o escritor uruguaio, então com quarenta anos, era, sobretudo, o autor de As veias abertas da América Latina, embora já tivesse publicado um belíssimo romance, A canção de nossa gente, um livro de contos, Vagamundo e Dias e noites de amor e de guerra, relatos de experiências e vivências profundamente entrelaçadas com o cotidiano de seu país e dos outros por onde andou.

          Nesses dias de exílio, ele escrevia, Memórias del fuego breves textos que, à semelhança de pequenas peças, assim o explicava, formariam, num grande mosaico, a História da América.

          Três desses textos foram lidos no anfiteatro da Sorbonne: El amor”, “La Selva”, “Los colores”. E dois anos depois, em 1982, apareceria, na Espanha, pela Siglo XXI, Los nacimientos, primeiro dos três volumes que comporiam Memoria del fuego.
 
          Los nacimientos está dividido em duas partes: “Primeras voces” e “Viejo Nuevo Mundo”. O nascimento da América - desde a Groelândia até o Chuí, desabrochando em mitos indígenas - forma a primeira parte.

          Estudados por Eduardo Galeano em livros de Antropologia são convertidos num relato que desejo que o mito continue vivo, ele diz. Emerge, então, desse Continente pré-colombiano a origem do vento e da chuva, do arco-íris, do dia e da noite, do fogo, das sementes, dos pássaros, do medo e do riso. E das cores, uma das lendas mais bonitas e, também uma das mais instigantes.

          Porque se a distância que separa o homem moderno daquele que a escutava nas vozes das antigas tribos da América impede que sejam conhecidas, hoje, os reais e profundos significados que ela poderia, então, possuir, no momento em que foi reescrita por Eduardo Galeano - o Continente estava dominado, na sua maioria, por regimes de exceção - ela se adensa e principalmente adquire força o sentido da opção.
 
Agora, em maio, se cumprirá a década de publicação de Los Nacimientos. Superficiais e melancólicas e ilusórias mudanças nos regimes políticos de vários países ocorreram. Estática, no entanto, permaneceu a extrema e irreversível miséria da grande maioria dos habitantes do Continente que rodeiam as (supostas) ilhas de desenvolvimento onde a elite, quase sempre opta por ignorar o que se passa ao seu redor ou por dar-lhe a explicação que convenha a seus próprios interesses.E, agora, nestes dias, volta o Continente a sofrer ainda outra vez a declarada presença no Peru e na Venezuela de ditaduras e seus ditadores.

          O ciclo iniciado em 1492 interminavelmente se refaz: o “Velho Novo Mundo” permanece igual.
 
As cores

Eram brancas as plumas dos pássaros e branca a pele dos animais.Azuis são, agora, os que se banharam num lago onde nenhum rio desembocava, nem nenhum rio nascia. Vermelhos, os que se submergiram no lago do sangue derramado por uma criança da tribo Cadiue. Tem a cor da terra os que se revolveram no barro e o da cinza os que procuraram calor nas fogueiras apagadas. Verdes são os que se roçaram na folhagem e brancos os que permaneceram quietos.
(Tradução de Cecilia Zokner, publicada no Leia Livros de outubro de 1980)