domingo, 16 de setembro de 1990

Sérgio Faraco - recriando paraísos

            “No entardecer” diz de uma casa que vai morrendo no meio de um jardim. Os olhos de quem a visita já não reconhecem os objetos que ainda se espalham aqui e ali embora continuem vivas as imagens do passado  quando a casa -  e os pomares, as fontes, os plátanos - ­ era um paraíso ao pé do rio.            Difícil é enfrentar as ruínas, o mato que invade os espaços.  O passar do tempo. Para prendê-lo ou para exorcizá-lo é que existem os textos que o antecedem. São em numero de oito e com exceção de “Outro brinde para Alice” reconstroem momentos luminosos. Ainda que prenhes de medos, angústias¸ tristezas que sempre, nessas pequenas narrativas acompanham¸ irremediavelmente, o amor. Amor pelo pai que era alto¸forte, tinha o cabelo preto e o bigode espesso, pela mãe, pela menina,  pela mulher.

            O narrador, sempre em primeira pessoa, vai mostrando o sentir de um menino que entra na vida e dela recebe as oferendas pelas quais deve pagar tributo: o do silêncio, o da decepção. Pouco¸diante das felicidades que lhe são oferecidas, dadas a  conhecer ao leitor quase que nas entrelinhas do texto.

            As primeiras experiências amorosas  se descobrindo numa expressão simples e espontânea que, sutilmente, contorna cruezas. O contar se interrompe e retorna para focalizara emoção que ficou ou que a partir de então será, realmente, compreendida. A confissão irrompe, inundada de sentidos e nela cabe a ingenuidade do adolescente, matizada pelo o narrador, já adulto, daquele breve traço humorístico que, à moda de Pirandelo, pode se  tornar melancólico.

Reunidos sob o título   Doce paraíso e publicados pela L & PM de Porto Alegre em 1987,  estes textos, que no dizer dos editores são a estréia de Sérgio Faraco na literatura juvenil, traduzem principalmente,  um amor à vida.

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