“No entardecer” diz de uma casa que vai
morrendo no meio de um jardim. Os olhos de quem a visita já não reconhecem os objetos
que ainda se espalham aqui e ali embora continuem vivas as imagens do
passado quando a casa - e os pomares, as fontes, os plátanos - era um paraíso ao pé do rio. Difícil
é enfrentar as ruínas, o mato que invade os espaços. O passar do tempo. Para prendê-lo ou para
exorcizá-lo é que existem os textos que o antecedem. São em numero de oito e
com exceção de “Outro brinde para Alice” reconstroem momentos luminosos. Ainda
que prenhes de medos, angústias¸ tristezas que sempre, nessas pequenas narrativas
acompanham¸ irremediavelmente, o amor. Amor pelo pai que era alto¸forte, tinha o cabelo preto e o bigode
espesso, pela mãe, pela menina, pela mulher.
O
narrador, sempre em primeira pessoa, vai mostrando o sentir de um menino que
entra na vida e dela recebe as oferendas pelas quais deve pagar tributo: o do
silêncio, o da decepção. Pouco¸diante das felicidades que lhe são oferecidas,
dadas a conhecer ao leitor quase que nas
entrelinhas do texto.
As
primeiras experiências amorosas se
descobrindo numa expressão simples e espontânea que, sutilmente, contorna
cruezas. O contar se interrompe e retorna para focalizara emoção que ficou ou
que a partir de então será, realmente, compreendida. A confissão irrompe,
inundada de sentidos e nela cabe a ingenuidade do adolescente, matizada pelo o
narrador, já adulto, daquele breve traço humorístico que, à moda de Pirandelo,
pode se tornar melancólico.
Reunidos sob o título Doce paraíso e publicados pela L
& PM de Porto Alegre em 1987, estes
textos, que no dizer dos editores são a estréia de Sérgio Faraco na literatura
juvenil, traduzem principalmente, um
amor à vida.

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