No
dia 4 de outubro de 1940, o semanário Marcha de Montevidéu, publicava
“La cancera del hombre de campo”, texto da conferência proferida por Juan José
Morosoli nesse mesmo ano.
Nascido
em 1899 na cidade de Minas, Uruguai, Juan José Morosoli se tornou uma das
figuras fundamentais da narrativa de seu país. Los albañiles de las “tapes”,
um livro de contos que publicou em 1936 é, reconhecidamente, um clássico da
Literatura uruguaia. Autor de um só romance, Muchachos e de um grande número de artigos, ensaios
e crônicas, Morosoli só teve olhos para o homem do campo. Durante anos,
particularmente nas décadas de quarenta e cinqüenta, ele se dedicou a fazer
conferências em escolas, colégios, instituições culturais sobre o tema que se constitui sempre a sua maior preocupação.
Em
“La cancera del hombre de campo”, ele parece se perder, como “aquele que sem rumo se deixa tentar por todas as trilhas, em
digressões sobre a tragédia do homem do campo que, sem ofício, chega na cidade
e passa a viver de seus despojos: sobre a pobreza que avança e destrói o
trabalho da terra; sobre o relacionamento instaurado entre patrão e peão,
norteado pelo lucro; sobre a situação feminina num universo de homens; sobre a
infância de crianças sem brinquedo.
Simples,
sábio, espontâneo é o seu dizer e assim Morosoli se define: um homem que deseja se fazer entender,
falando do campo, seus homens, seu clima e sua realidade social..
E
o que diz, ele não inventa porque a miséria que impede o presente e o futuro
dos desamparados do campo é fruto de uma única legislação: a que advém do preço
do gado e do preço da lã condutores da economia de seu país.
E o
patrão comerá a carne e lerá o jornal. E o empregado, analfabeto, se alimentará
de feijão. Já não tem mais o seu cavalo, nunca teve terras para trabalhar e a
Ilusão lhe foge. Claramente, logicamente, naturalmente,Morosoli
lhe diz, talvez, sem esperanças : Mas a
paciência tem limites.
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