domingo, 16 de dezembro de 1990

Hispano-América em O Castelo de Franktein


            Salim Miguel o chama de  estranho castelo. Um castelo todo construído de palavras que se originam de outras. As que, por sua vez, constituem as obras que merecem suas anotações.

            “Anotações sobre autores e livros” é o sub-título de O Castelo de Frankestein  que a editora da Universidade Federal de Santa Catarina publicou em 1986. Formado por quatro capítulos ( Santa Catarina, Brasil, Hispano-américa, Outros )  tem, sempre, o interesse pelos contemporâneos.

            O capítulo terceiro, Hispano-américa, se compõe de dezoito artigos. Um deles, comenta o Prêmio Nobel atribuído a Gabriel Garcia Márquez, outro  a morte de Cortazar. Os demais, tratam de obras latino-americanas,  publicadas no Brasil pelas editoras Difel, Civilização  Brasileira, Global, Alfa-ômega, Nova Fronteira, Paz e Terra, Francisco Alves.

            São obras que, na maioria das vezes,  diferentes razões explicam a qualidade. Também, quase sempre, são oferecidas ao leitor brasileiro sem algumas das referências necessárias – que certas escolas críticas o perdoem – para que  a compreensão do texto ou o prazer da leitura possam ser mais completos e profundos.

            Situando-as no seu contexto geográfico e literário – Argentina, Cuba, Chile, México, Peru – mensurando-lhes as qualidades, os textos de Salim Miguel adquirem, então, essa importância que somente um arauto pode ter. Sobretudo, numa sociedade que, salvo as sempre honrosas exceções, precisa ser guiada nos seu renovado consumismo que, inclui, também o livresco.

            À sensibilidade  com que se aproxima do texto, as informações que oferece sobre o autor e sua vida literária se acrescentam à preocupação de contribuir para a qualidade das traduções com observações necessárias e pertinentes.

            Uma excelente contribuição que Salim Miguel, pelos labirintos de seu castelo,  onde se cruzam Angel Rama ,Cabrera Infante, Jorge Icaza, José Maria Arguedas, Ricardo Güiraldes entre outros, oferece para o conhecimento de uma Literatura, muitas vezes, inigualável que, embora produzida no Continente, ainda continua ignorada pela grande parte dos leitores brasileiros.

            Porque, a maior parte deles, parece não ter se dado conta que faz parte de uma geografia ao sul do rio Bravo e teima em permanecer atrelada aos gosto de leitura de outros centros considerados,  por uma certa elite,  como civilizados e donos da verdade.

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