Autor
de ensaios sobre o Terceiro Mundo (Le piège humanitaire, L’empire et
les nouveaux barbares, La dictature libérale, L’aventure
humanitaire) e de seis romances, entre os quais Rouge Brésil, Prix
Goncourt 2001, em La Salamandre, inserindo-se na trama novelesca, o
testemunho de sua vivência no Brasil onde viveu muitos anos, médico do
movimento humanitário sem fronteiras
do qual foi um dos pioneiros.
Pelos
olhos de sua personagem, o cenário tropical, sonho e paraíso, se oferece nas efêmeras
cores do mar, (tom de ardósia e de espuma,
verde pálido muito doce) ou das plantações de cana de
açúcar (imensas ondas da cor do absinto).
Depois, também no contraste urbano dos arranha-céus da orla marítima com as
construções menores, casas baixas, por vezes, feitas apenas de tábuas juntas ou
pedaços de papelão. Também, no recurso
algo ingênuo de remeter à cor
local: referência à caipirinha , tão do agrado dos turistas, da qual não é dito o nome mas, sim do que é
feita e então, definida como uma bebida doce
na garganta como uma calda mas que ferve nas veias e devora a cabeça; menção ao forró, ao frevo, à capoeira,
palavras grafadas em português e em itálico,
assim como uma ou outra frase da
qual a tradução aparece em pé de página . Se ao forró apenas se refere, o trevo é explicado como sendo a música reservada para o carnaval , mistura
de melodias da Europa
Central, sonoridades ibéricas, ritmos
negros da qual os pernambucanos
reivindicam a invenção; e à capoeira,
como dança
combate que exige mais do que destreza, uma disciplina e uma fé.
Povoando o cenário, os delinqüentes, dando ensejo a um personagem dizer,
com um sorriso do qual não estavam ausente nem a reflexão nem o desprezo: É o Brasil. Cirurgiões formados com as últimas técnicas e tipos na rua que
matariam um cego por dez dólares”. E, uma gente sofrida: mulheres carregadas de filhos, homens desdentados, os que, para
trabalhar, saem, cedo, da favela. A
favela, onde os ratos correm pelo chão e aparecem, à noite, para devorar recém
nascidos e de onde saem, para as ruas da cidade, os bandos de crianças
seminuas, de cinco ou seis anos, a viver
de esmolas e de roubos, submissas à autoridade das crianças maiores se empenhando, sem
esperança, em lutar pela vida sem que
lhes seja adjudicada qualquer possibilidade de vitória.
A
palavra favela aparece grafada em português, porém não em itálico. Não é
traduzida, tampouco explicada o que leva a crer já seja conhecida de alguns
franceses como, talvez o sejam outras tantas situações de miséria do país.

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