Submissas
ao heptassílabo e às rimas alternadas ( entre as rimas ricas, também as que não eludem a facilidade das palavras
terminadas em ão) e ao tema, repetem, o que é inevitável, certos vocábulos
(carvão, fogo, vida, cinzas, morte).
Mas,
nessa grande qualidade que é saber condensar em
quatro versos o que é desejado expressar, se mostram essas trovas, na
sua simplicidade, de uma grande força poética e inigualável poder de
comunicação . Porque, em seus pequenos versos, a síntese parece ser a medida
exata para dizer o imprescindível sobre uma prática inegavelmente condenável
no que significa de destruição. Em
muitas delas, a queimada se define como guerra, crime hediondo, angústia e
morte, jogo insano, devastação, inclemente, criminosa, criminosa ação,
criminosa violência macabra festa, devastação, praga desgraçada. Evidente,
também, constar o efeito dessas ações: atroz e daninho, vidas ceifadas, extinção da vida, cinza de
uma floresta, terra ferida, terras devastadas, terra despovoada, migração e morte de animais, erosão. E o móvel dos atos predatórios - a desonestidade, a ignorância, a ambição
desmedida – que, certamente, poderiam ser neutralizados por sanções (ou por
pesadas sanções).
Para
combater a queimada os trovadores têm, apenas, a palavra e a alçam com
esperança. Pedem aos agricultores e a todos aqueles que se sintam concernidos,
que nunca mais façam queimadas para não destruir a própria vida na destruição da flora (planta florida, mata plantada
, árvores tão bem formadas, matas sagradas) e da fauna cujo habitat
desaparece nas cinzas após a macabra
festa do fogo
Um
desequilíbrio inquestionável cujo testemunho se enlaça na emoção diante do que
é presenciado: a juriti, desolada ,/
chora a falta de seu ninho..., um
sabiá solitário / chora a morte da
floresta...; e se enraíza no próprio sentimento: Cena triste em mim gravada, /
quando a mamãe tico-tico / voltou, depois da queimada, / trazendo um verme no bico.
Pedir,
porém não parece ser suficiente. Alfredo de Castro, de Minas Gerais, então,
exclama esse óbvio: Sem uma luta acirrada, sem punição com
firmeza / não se põe fim à queimada / da
nossa mãe natureza!.


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