“La flor de seda” é o título do décimo segundo
canto e, como o segundo, dedicado à Ásia, nesses anos, agitada por
mudanças que o Poeta desejou registrar. O primeiro poema desse canto, “El lírio lejano” se inicia com a palavra
Coréia. Um país delineado num tempo de
transformações, de novas flores, de paz que se eleva; de um traje recente,
aquele usado nas fábricas, a substituir o de boneca ensanguentada e da vontade de modelar a própria estrela. No
segundo poema, “Los invasores” a estrofe de um só verso,
feito de uma única palavra, vinieron
(vieram) dramaticamente, anuncia aqueles que chegaram: os que arrasaram com a Nicarágua, os que
roubaram o Texas, os que humilharam
Valparaíso, os que oprimiram Porto Rico. Cinco vezes o verbo vieram é usado, insistindo no que, ao
longo da História, sempre se repetiu: o domínio de um povo sobre o outro.
Reportando-se ao passado e à outras geografias, o poeta lembra os agressores
que, agora, chegam, também à Coréia. Eles não são nomeados, mas se definem por
seus atos: queimam vivos mãe e filho na aldeia, incendeiam a escola, procuram o
último pastor nas montanhas, matam o
prisioneiro no seu leito, destroem vidas
e a vida. E pelo caos - fumaça, cinzas, sangue, morte - que então e somente com a sua presença
passa a existir. São conhecidos pelo que possuem – o napalm, os dólares, os
aviões assassinos, suas listas e suas
estrelas (clara alusão à tão conhecida bandeira), o que não deixa dúvida
sobre a identidade daqueles que realizam tais proezas. O terceiro poema, “Las
esperanzas”, testemunha esse momento que parece ser de fracasso e ao qual se
sucede uma forte razão – um homem, uma
nação, uma bandeira – para que retorne a luz e a semente volte a ser semeada. O Poeta, outra vez, nomeia a
Coréia, enaltecendo-a ao chamá-la de mãe de nossa época e mencionado-lhe o
sofrimento, advindo da morte de seus filhos e da destruição.O quarto poema, “Tu
sangre”, vai reafirmar as perdas –
filhos mortos, filhas mortas – e o sofrimento: Não há número nem há nome / para tantas dores. E exaltar, então, o
tesouro que a Coréia deu ao mundo: não apenas a própria liberdade, mas a liberdade inteira, / a de todos, a liberdade do homem. O que, no
último poema, “La paz que te debemos” será, outra vez, reafirmado e, outra vez,
enaltecido, como a convicção, tão
própria do Poeta, de que As lâmpadas / continuarão
acesas / e as sementes buscarão a terra.
Lírico, seus versos remetem às cores
e às flores, ao sacrifício dos heróis.Ao militante, ao sangue vertido e ao valor
inigualável da conquista. Porque assim como acredita que o vento irá conduzir
as palavras do novo ideal, que é possível elevar a nova estrela ao firmamento,
o Poeta conserva a certeza de um florescer das verdades que ele sempre distinguiu e exaltou.

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