E
diz Ricardo Azevedo: Este livro pretende
descrever o jeito de ser, os usos e costumes, os sonhos, qualidades, defeitos,
prazeres e manias de 24 entre as mais famosas e admiradas espécies caninas existentes
no mundo em que vivemos. E A outra enciclopédia canina (São Paulo,
Companhia das Letrinhas, 1997), catalogada como literatura infanto-juvenil, é
feito de breves textos, dedicados a vinte e três raças de cães e ao vira-lata
que ilustrações, pequenas belezas plenas de sensibilidade, acompanham. Algumas
palavras descrevem nas particularidades que lhes são próprias, os cães de cada
raça: Altos, magros e compenetrados [...]
de olhar frio e impenetrável os Afghans;
forçudos, musculosos, os Boxers; altos, magros e robustos, os
Dinamarqueses; altos e sempre de nariz empinados, os Collies.
Mas, é, principalmente, sobre o temperamento dessas espécies que abanam o rabo e levam as pulgas para
passear que Ricardo Azevedo discorre. E com um prazer de quem sabe o que
diz, pois sempre gostou – explica-se – de ficar
observando cachorros. O jeito dos
cachorros. Então, é com sapiência que lhes define as sutilezas de
temperamento: simpáticos, generosos e
civilizados, são, no seu entender, os Terra-nova; corajosos e pacatos, os
São Bernardo; simpáticos, agradáveis e
gentis, os Dálmatas. E com muita graça, essa maneira de ser que os
distingue uns dos outros. Daí, nada mais diferente dos Beagles que não
conseguem ficar quietos – Entram em casa
pela janela, sobem nas mesas, derrubam vãos e bibelôs, pulam de surpresa no
colo das pessoas, correm atrás do próprio rabo, atacam furiosos as roupas
estendidas nos varias, roubam comida, roem sapatos e engolem barbantes – do
que os Pastores alemães: disciplinados,
rígidos, amantes da ordem, das regras, das leis e que adoram ser amestrados.
Porém,
e não poucas vezes, nesse descrever a maneira de ser de um cão, se desenha, e
muito claro, o jeito dos humanos. No que lhe é dado a observar, para Ricardo
Azevedo há os cães que transbordam de alegria de viver e os que passam a vida
doentios e os que tem prazer em ajudar os outros e os que estão, quase sempre,
de mau humor. E, há o cão de raça muito antiga a se acreditar de sangue azul e
que por isso, não deve ficar por aí se
misturando com qualquer um mas que, igual a todos os outros, também faz xixi no poste, só que discretamente
quando ninguém está olhando. E o cão vaidoso. Uma espécie que late e corre a trás do próprio rabo,
vive fazendo dietas e jamais come massas nem açúcar para, é claro, não perder a
linha. E, os que sabem tudo e tudo explicam com citações de frases famosas
e provérbios e palavreado difícil e sentem pena dos que não conseguem decifrar
seus sábios latidos.
No
entanto, estas antropomórficas definições, que não resultam do lugar comum – o
cão é a imagem de seu dono –, mas de concluir que talvez a espécie canina tenha muito mais coisas em comum com a espécie humana do que se imagina,
na verdade, acabam desprestigiando a graciosa
espécie que late. Porque o que
deveras acontece é que os homens, como é do conhecimento de todos, nunca
deixaram de ser lobo para os homens. E, porque, sobretudo, nestes briosos e
bicudos tempos que correm, parece que estão a se dedicar, especialmente, a
serem gatos.
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