Carlos
de Melo volta para o Santa Rosa onde dominara o avô José Paulino, agora já
velho, sem a autoridade e a força que lhe permitira a posse de nove engenhos, terras que para ele correr gastaria semanas. Volta
bacharel e revela-se um inútil a ler jornais na rede ou a dormitar o tempo
inteiro. Somente abandona suas preguiças melancólicas com a chegada de Maria
Alice. Jovem e recém casada, doente dos nervos, procura melhoras nos bons ares
do engenho. Em casa dava para ficar
triste num canto. E depois, sem
motivo visível, mudava para uma
alegria esfuziante”. Os médicos aconselharam uma temporada no campo.
No
engenho Santa Rosa ela se mostra cheia de vida e com essa vida envolve Carlos
de Melo que, então, passa a ter olhos somente para ela. Mas, os meses passam
e ela deve partir, retomando a sua situação de mulher casada. O avô morre e
Carlos de Melo, transformado em rico herdeiro, toma posse do engenho para, em
pouco tempo, levá-lo à ruína.
São
três momentos narrativos: a figura do velho José Paulino, os amores de Carlos
de Melo com Maria Alice e a decadência do engenho. Como cenário, a paisagem e
os tipos que a povoam.
A
paisagem é feita de pequenos rios, de árvores floridas, de um sol a banhar, com ternura o canavial, de orquídeas multicoloridas,
trepando pelos troncos, de frutos vermelhos e amarelos, de uma caatinga verde
que tomava cores de vida. E nela há sons
de pássaros e de cigarras, nuvens de
periquitos, colorindo o chão onde pousavam. E há perfumes: o pé de açafroa,
coberto de flores, perfumando tudo; os cajueiros a florir, recendendo mais do
que as cajazeiras; o jasmin-laranja, entrando janela a dentro com seu perfume
de felicidade.
Contrastando
com esse esplendor, a miséria dos homens: “uma
gente que não comia, que não tinha
remédio, que viera da escravidão dos negros [...]”. Principalmente, uma
gente medrosa que abaixa os olhos diante do patrão, que não se importa de catar
no chão o dinheiro ali jogado mas que lhe é devido.
Uma
gente que, de pequena, é doente, chora, engatinha na lama, tem os bracinhos finos, as barrigas duras como pedras. Só crescem
e se salvam quando Deus é servido.
Transforma-se, então, nos moleques que atolados
na lama fedorenta do curral, tratam do gado. Meninos magros
e amarelos. Vão ser os cabras de
eito, os homens pau para toda obra, desses que morrem como gente pobre, sem ninguém para ver.
A vida boa era para os donos, os que mandavam nos outros. Os que se queixam
sempre de seus cabras, uma gente ruim,
preguiçosa, trapaceira, que só prestava mesmo no relho mas que os
enriquecia com seu trabalho mal pago, com sua vida de fome e de miséria.
Quando
Maria Alice diz ao amante que eram explorados esses trabalhadores de seu
engenho, o único que ele sabe fazer é perguntar se ela era comunista, pois achar
que a família dele pagava uma ninharia, tinha apenas um significado: ela queria subverter o mundo.
Maria
Alice responde que ela era apenas humana.

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