
Porque
se coloniza também na medida em que se bloqueia a consciência
do outro. Jaime Mejia Duque
É típico de determinados grupos a enorme e
prazerosa capacidade de imitação que possuem. Aderem aos modelos forâneos, no
afã de se converter em súditos, cuja vassalagem está baseada no tecer loas ao
país dos outros e se portar como se fossem esses outros.
No ensaio “Narrativa y neocoloniaje en
América Latina” que dá título a seu livro publicado pela Editorial Crisis de
Buenos Aires, em 1976, o colombiano Jaime Mejia Duque diz que essas são pessoas
inibidas em Assumir a responsabilidade de
sua própria existência e a de seu povo. E, continua dizendo que não se
trata somente de casos individuais ou anedóticos – e do anedótico o exemplo
mais bem acabado e conhecido é o daquele cidadão brasileiro que teria afirmado
que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil – mas de uma estrutura.
A superestrutura que Althusser denomina de aparelhos
ideológicos do Estado: a imprensa, rádio, televisão, universidades, centros
científicos, grupos religiosos,etc.Dessa superestrutura, as expressões
artísticas não estariam libertas ao se calcar em experiências consideradas
definitivas em outras latitudes e ao se eximir da busca criativa ou da
aquisição de um autêntico saber. Então, o ensaísta colombiano fala da passividade
imitativa, da despersonalização do homem que passa a ser manipulado e nisso se
compraz. Deslumbrado, usa frases feitas, cita terceiros, mostra-se erudito e
não se reconhece como expressão do colonialismo cultural. E, perfeitamente
colonizado, repete as mistificações da metrópole, pensando esgrimir a mais
elaborada e profunda das culturas.
É, esse, um dos trilhar caminhos do subdesenvolvimento
onde submeter-se aos que pensam, àquilo que os outros criam, ao que sentem os
outros de outros hemisférios é para os autocolonizados, a grande escolha.
Ainda que assim, no país, se afoguem as
melhores possibilidades criadoras.



