Publicado em 1976, El arca de Noé torna a aparecer em Una década (1973-1983), publicado pela
Playa y Janes da Colômbia e que reúne vários livros de quem é um romancista, um
comunicador, um jornalista, um sociólogo, um catedrático e um educador popular.
O material de que é feito El Arca de Noé foi encontrado ou já
escrito ou simplesmente David Sánchez Juliao transcreveu do que lhe foi
contado. Também, ou principalmente, o que fez foi dar rédea solta a sua imaginação.
E a tal ponto ele diz, que sobre as
teclas da máquina via animaizinhos dançando e fugindo do jogo de seus dedos.
No texto, lá estão – o
avestruz, a tartaruga, a aranha, a abelha, a baleia, a cegonha, o coelho, o
papagaio, a borboleta – dizendo coisas sempre acertadas.
Não é sem razão que David Sánchez
Juliao antes de começar suas
histórias, recorda a La Fontaine quando
diz servir-se dos irracionais para instruir os humanos.E, assim, nessa Arca de
Noé cabe todo um compêndio de ensinamentos e de constatações. Basta que os
homens de Continente os saibam entender.Como o caso do pernilongo, por exemplo.
Só ele o gringo não podia vencer: Quando
no começo do século os gringos começaram a construir o Canal do Panamá, uma
invasão de pernilongos dizimou bandos de operários estrangeiros. Desde então, o
pernilongo se converteu em herói latino-americano. Levantaram para ele estátuas
de aguilhão inteiro, sua silhueta foi impressa em selos de correio, com seu
nome foram batizadas livrarias, jornais e revistas e foi introduzido com honra
no índice da História Natural. Quando o gringo voltou, meio século depois, com
a intenção de abrir mais canais, submeter mais povos, corromper mais
funcionários e controlar mais economias, os pernilongos atacaram de novo,
convencidos de sua prepotência, mas de forma com que sempre tinham feito: em
nuvens negras, em enxames dispersos, em grupinhos isolados. E lhes foi mal;
porque enquanto eles tinham se dedicado a dormir o sono das estátuas, os selos
e a história, os gringos haviam se dedicado a inventar o inseticida-spray. E perderam.

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