E´muito
pequena, clara e alegre. Foi inaugurada, na Casa de las Américas, no dia 9 de
outubro de 1995 e, em homenagem a Julio Cortázar se chama “Rayuela”. Nas suas
estantes, uma verdadeira riqueza: aqueles sonhados livros que fronteiras
culturais intransponíveis impedem a leitura. E é isto que a livraria se propõe,
oferecer os títulos que estão no Catálogo Editorial da Casa de las Américas.
Várias coleções e em cada uma, um número muito grande de autores. Na sua
ficção, poesia, ensaio, testemunho, se mostra a América inteira. Sempre uma
produção enraizada neste Continente que, embora se desconhecendo, na típica indiferença
de uns em relação aos outros, mantém, no entanto, os olhos voltados para o
norte como se ele fosse um definitivo farol. Ou, uma produção feita daquelas
obras já conhecidas – também no Brasil onde foram traduzidas - entre as quais As veias abertas da América Latina, Maluco, Meu nome é Rigoberta
Menchu, A morte de Artemio Cruz,
Cem anos de solidão; ou, sobretudo,
de muitas outras cujas inegáveis qualidades justificariam de per si uma real
divulgação. No Brasil, ela não acontece, certamente, devido ao atrelamento
cultural ao qual o país se submete; permanece, assim, privado de conhecer uma
excelente criação ficcional, uma instigante obra ensaística e testemunhal
enquanto nas suas livrarias pululam medíocres best sellers ou obras que pouco
tem a ver com uma realidade que está longe de se parecer com aquela tão
invejada, a dos países de consumo.
Então, na
medida em que, no Continente, os países continuarem a se considerar – e o
Brasil, inclusive – uma ilha que só tem olhos para aqueles tidos como do
Primeiro Mundo, deverá, sem dúvida, ter sentido refletir sobre o quão
lamentável é esse desconhecimento de uma Literatura que, pelos seus temas,
pelas suas conquistas formais e pelo compromisso que mantém sempre com a
realidade circundante, se mostra valiosamente bela, crítica e inspirada.
Assim, na
medida em que, no Continente, os países continuarem a se considerar – e o
Brasil, inclusive – uma ilha que só tem olhos para aqueles tidos como do
Primeiro Mundo, deverá, sem dúvida, ter sentido refletir sobre o quão
lamentável é esse desconhecimento de uma Literatura que, pelos seus temas,
pelas suas conquistas formais e pelo compromisso que mantém sempre com a
realidade circundante, se mostra valiosamente bela, crítica e inspirada.
Assim, para
aqueles que se dão conta que o universo do Continente difere daqueles outros
considerados padrões, para quem a leitura também quer dizer conscientização e
aprendizagem, ao invés de uma simples alienação de passa-tempo, conhecer o
acervo de Rayuela (em meio ao qual se misturam as camisetas com estampa da Casa
de las Américas, os CDs de música cubana, os cassetes com vozes de
intelectuais, os cartões postais) é uma descoberta.
Quase na frente
do mar, a poucos metros do Malecón, na esquina da 3ª com a G, “Rayuela” é como
um baú de tesouros finalmente encontrado e então, lugar de prazerosa chegada
nesta La Habana de mil surpresas.

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