Sua ação se passa em Porto Alegre entre 1941 e 1944.
Manoel Martimiano da Rocha,
operário e membro de um partido político ilegal descobre que foi traído pela
noiva e que, delatado, pelo homem que a seduziu logo terá a polícia em seu
encalço. Afasta-se da cidade por um tempo, e ao voltar, vive escondido.
Casualmente, se encontra com a ex-noiva. Agora, ambos sabem o que desejam da
vida e a reconciliação amorosa e o ver-se outra vez reintegrado à sociedade –
nada, afinal, constava sobre ele – o tornam um homem feliz.
Um romance que parece tratar
de pequenas coisas, de pequenas aventuras, de umas poucas vidas que se cruzam
com a de Martimiano e lhe traçam novos caminhos.
Presenças femininas que, em
meio a suas fugas e incertezas se mantém lúcidas e cujas histórias, ao delinear
situações precisas mostram também o desejo de discutir o aparentemente imutável
ou de registrar o que não devia ter acontecido.
Carmosina, a noiva, fora se
prostituindo em entregas sucessivas até reencontrar o homem que ama. Dona Vicenta
é a velha senhora cordial que diante do perigo que ameaça o seu locatário,
imediatamente se dispõe a ajudá-lo, encontrando-lhe um lugar onde se esconder,
nas aforas da cidade, inclusive, carregando-lhe, os livros que numa batida policial
soem ser considerados perigosos. Diante da curiosidade que seus gestos suscitam
confessa ser a mãe de Vicente Altamira, líder camponês que atraído a uma
emboscada policial fora morto a tiros.
Indiretamente responsável
pela delação de que Martimiano foi vítima, Carmosina o leva a mudar de vida no
que, então, é ajudado por Dona Vicenta.
No desenvolvimento da
narrativa, têm, pois, uma e outra a função bem definida de modificar o curso
dos acontecimentos.
Função que se mostra menor
diante do significado dialético compreendido nesse discutir da prostituição,
presença constante na obra e nesse fixar de um ato de repressão, tanto mais
comovente porque narrado a partir do sofrimento da mãe do jovem sacrificado.
Razões suficientes para
fazerem do autor um escritor marginal. Por que ousa falar do cancro social e da
arbitrariedade vigente. Coisas que, para aqueles que estão acostumados a
cultivar o que Dyonélio Machado chama de autismo
sentimental, não existem.



