Em meio aos desenhos em
branco e preto que ilustram o livro inteiro, surge um todo em cores, tomando
conta de duas páginas. Nele predomina o verde das montanhas e o da relva,
depois, o azul forte do céu e mais claro, o de um rio que se esparrama entre
dois verdes. E no verde e no azul, até invadindo as margens, se inscrevem as
flores e os frutos e os animais, rompendo uma ordem já estabelecida: num enorme
e velho tronco se penduram cachos de uva e num de seus galhos se enrosca uma
enorme cobra simpática. Bem perto dela, um papagaio, colorido, lhe dá
tranquilamente as costas. A sua sombra, se esse tronco fosse o de uma frondosa
árvore um tigre sem ferocidade não tem olhos para os dois coelhos que ali
estão, e que por sua vez, também parecem ignorá-lo.
E peixes e aves e insetos,
pássaros e animais grandes de outros continentes convivem em paz nesse canto do
mundo onde há cascata e arco-íris.
Um mundo desejado por Angela
Carneiro. Autora de Qual o caminho do
sol? e de Caixa Postal 1989
acaba de publicar, também pela José Olympio do Rio de Janeiro, Meu olho é um planeta. Um pequeno livro
de breves textos que partem de um olhar cheio de ternura sobre essa natureza
que nos rodeia e que sabemos ameaçada. E para a qual Angela Carneiro propõe a
solução: ar puro e muito carinho.
Então, pede a grandes e
pequenos que façam cada um a sua parte em busca de um ideal comum.E,
visionária, pensa Nos cinco continentes,
/ colheita farta e inteligente. / Nos quatro cantos do mundo, / solo fértil,
fecundo.
Juntamente com Ike Vilela,
assina os desenhos do livro. E, com palavras e traços e cor ela quer chegar ao
coração dos outros num convite a um sonho - a
vida brotando forte por todos os lados - que a página colorida de seu livro
tão lindamente visualiza.

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