domingo, 9 de fevereiro de 1992

Bom dia, América

          Buenos días, América de David Sánchez Juliao foi publicado em 1988 (Bogotá, Planeta Colombiana). Cinco anos antes, pela Plaza y Janes aparecera Pero sigo siendo el rey  romance de maior sucesso que, por sua vez, já fora precedido de outro, Cachaco, palomo e gato, de muitos contos, relatos, fábulas e um livro de testemunho.
 
          Atualmente, David Sánchez Juliao é embaixador da Colômbia em Nova Delhi - onde, também, representaram seus países, devido a essa tradição latino-americana de fazer de escritores, embaixadores - Pablo Neruda e Otávio Paz. Antes dessa experiência como diplomata onde realiza importante trabalho cultural, divulgando na Índia os escritores de seu país, David Sánchez Juliao já havia vivido em países da América Central, na Europa, Estados Unidos e México na qualidade de professor visitant
           Nasceu em 1945 na região litorânea da Colômbia e é em Lorica, cidade antiga e senhorial às margens do rio Sinú, nas costas do Mar Caribe sua cidade natal que ele situa a ação de Buenos Días, América.Uma narrativa plácida e alegre cuja trama simples e linear quase não oferece surpresas embora permaneça sempre prazerosa.
 
           Em Lorica é instalada a primeira rádio. Tem por nome “Rádio Progresso” e um quilowatt de potência. Tanto o seu diretor artístico, como seus dois técnicos são prata da casa e o locutor, um filho da cidade que dela saíra e voltara.
 
           Para aumentar sua receita - era muito pequeno o ordenado - Pupi o locutor, elabora anúncios publicitários que, embora verdadeiros primores de criatividade, nem sempre ou quase nunca são do agrado do proprietário ou do padre paroquiano. Pupi, porém, não se abala com os impropérios do patrão e quando a emissora recebe cartas de ouvintes de outras cidades, inclusive da Argentina, ele se dá conta que pode ser ouvido pela América. E começa, então, o seu programa com a expressão “Bom dia, América”.
 
           Ao escutar a inovação, o dono da rádio, furioso, entra na cabine de som para gritar-lhe Por acaso não vê o ridículo em que ficamos? Uma emissora de um quilowatt cumprimentando a América!
 
           Para os cidadãos de Lorica, no entanto, nada era mais simples e ninguém ficou sem entender que esse “Bom dia, América” que se seguia à identificação do programa era dirigido à mulata América, a moça mais bonita da cidade, por quem o locutor se apaixonara.
 
           E, assim, apesar de seu talento sui generis para elaborar os textos publicitários que acabaram por originar uma situação antes nunca vista - os ouvintes ficarem mais atentos à propaganda que aos próprios programas de entretenimento que eram oferecidos - o proprietário da emissora só espera o momento em que possa demiti-lo. Porque lhe é absolutamente imprescindível que a rádio que instalou não se afaste do que ele pretende que seja: a onda culta e amena da região.

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