Voltado, sempre, para os pólos
irradiadores de cultura e, em geral, submisso as suas diretrizes, o Brasil tem ignorado as
expressões artísticas latino-americanas para consumir música, teatro, cinema,
literatura, geralmente de qualidade medíocre e até execrável, mas que, por ser
importada do Primeiro Mundo, ganha, por isso, uma chancela de qualidade.
Algumas
vezes, qualidades, efetivamente, existem. No entanto, por expressarem situações
próprias de países
com outros graus de
cultura e outros status econômico-social, diferindo da realidade de um país do
Terceiro Mundo ( o Brasil, ameaçado de transmigrar para níveis mais baixos), só
podem ser usufruídos por uma ínfima parcela da população. Por sua vez, a Lei
5692/71 ao reestruturar o ensino secundário, pretensamente possibilitou ao
aluno optar por uma das cinco línguas estrangeiras modernas. Mas, de fato,
levou
o ensino do idioma estrangeiro, no
segundo grau, a um mono-lingüismo extremamente limitante e cerceador. Desde
então, a visão de mundo do estudante brasileiro passou a ser perigosamente
simplista porque espelhado numa única expressão cultural importada e, assim,
colonizante.
Além
disso, seja pela má formação dos professores, seja pela própria situação decadente da Escola Brasileira, o aprendizado do idioma estrangeiro
mostrou-se inóquo pois, dificilmente,
alguém que tenha aprendido a língua inglesa no seu currículo escolar é
capaz de entender um breve texto de jornal ou uma simples instrução para o uso
correto de um aparelho de som ou máquina fotográfica, redigido em inglês, para
ficar, apenas, nesses dois exemplos.
Todavia,
dois anos de aprendizado de espanhol seriam perfeitamente suficientes para a
aquisição das quatro habilidades lingüísticas (leitura, compreensão, redação e
expressão oral) o que permitiria o acesso a toda sorte de informação e nas mais
diversas áreas, tendo em vista o que é publicado nessa língua.
É
evidente que tornar possível o acesso a esse material bibliográfico exigiria
que fossem postos em prática os acordos culturais que existem entre o Brasil e
vários países de língua espanhola, isentando
o comercio
de livros das taxas de
importação que torna proibitiva para a grande maioria, a compra de livros
estrangeiros.
Extremamente
auspiciosa é, pois, a instalação no Brasil da Editora Fondo de Cultura
Econômica. Fundada no México em 1934, com a intenção de publicar apenas livros
de Economia, hoje, com um imenso e variado catálogo, seus títulos mais
procurados são os de Filosofia, História, Economia e Literatura. Trata-se de
uma presença que irá propiciar a oportunidade de comprar, no Brasil, obras em
espanhol que até, então, sempre tam sido de difícil e cara aquisição.
Tendo,
igualmente, por objetivo a tradução para o espanhol de obras de autores
brasileiros, a Editora Fondo de Cultura Econômica irá possibilitar, também, a
sua leitura em todo o Continente, mercê de sua presença em vários países da
América Latina.
Num
momento em que os governos do Continente
mostram intenções de estreitar laços através de acordos econômicos, um
Mercado Comum da Cultura da América Latina, cujas bases a Editora Fondo de
Cultura Económica pretende implantar, significa importantíssimo passo para a integração do Brasil no
Continente Latino-americano.