No
Brasil, Maria foi publicado, em 1948, pelo Clube do Livro, oitenta um anos depois de sua primeira edição, na
Colômbia e quando o romance já havia tido, em espanhol, mais de cinqüenta
edições, além daquelas clandestinas.
O
crítico argentino Roberto F. Giusti, ao exaltar em Maria as qualidades
do romance romântico diz que, na América, somente Inocência do Visconde
de Taunay a ele pode se igualar.
Embora
concebido quando o Realismo já imperava nas letras francesas, o inocente e
trágico e adolescente idílio de Maria e Efraim, certamente, se inspira nos
autores pré românticos franceses e em Chateaubriand. Não somente em Atala,
cujos traços são, claramente, discerníveis em Maria, segundo os
críticos, mas, também no Gênio do Cristianismo. Uma leitura que emociona
os personagens do romance colombiano, que os faz chorar e lhes alimenta uma
religiosidade que bem justifica a edição das Paulinas que tornam a traduzir a
obra que é, então, publicada, outra vez, no Brasil, em 1962. Religiosidade que
traduz um cristianismo profundamente arraigado em Jorge Isaacs a
conduzi-lo à criação de um micro universo
que, embora parte de uma sociedade escravagista, dela se afasta ao diluir as
fronteiras que separam o senhor de seus escravos.
Na propriedade rural, sob
as ordens de um patriarca, o pai de
Efraim, as relações dos membros da família com os escravos são perfeitamente
harmoniosas. Nos momentos felizes – o casamento de escravos – a festa é
concedida. Nos momentos dolorosos – doença e morte – oferecida a assistência
médica e o consolo da religião católica.
Na pujante e
bela natureza do vale do Cauca, amorosamente descrita por Jorge Isaacs naquele
tom que, tantas vezes, aproxima os romancistas românticos de Rousseau, os
homens são perfeitos. Apenas a fatalidade que se origina desse não conseguir
viver longe do homem amado, desse não poder se afastar das ordens paternas é
que irá truncar os destinos.
Jorge Isaacs –
jornalista, agricultor, deputado, professor, soldado (quando necessário),
poeta, dramaturgo e romancista – viveu, deve ter vivido, de maneira intensa, o
cotidiano do Continente. Outro cotidiano, havia, porém, que ele não percebeu ou
ignorou. Aquele das desigualdades, das opressões, das injustiças. Então,
registrou um mundo em que os conflitos se aninharam, todos, nos corações
amantes de Maria e Efraim.
Muito linda, sugiro está leitura do romancismo colombiano
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