O
primeiro texto se inicia com uma breve história da fotografia em que faz menção
aos precursores e afirma ser o ano de 1839 aquele em que a fotografia foi
inventada. Constata que, para chegar às Américas, ela precisou de muitos anos.
Em Santa Maria, primeiramente pela arte dos fotógrafos ambulantes; depois,
pelos que montaram seus ateliês na cidade. Uma presença, nem sempre duradoura,
registrada em anúncios em que eram oferecidos os serviços, informando o tipo de
fotografia realizada, o preço, os horários de atendimento e, por vezes, as
condições de trabalho: tirava retrato em
qualquer tempo, Tira retratos todos
os dias[...] menos em dia de chuva ou vento muito forte, não tira retrato
de mortos no atelier. Mais tarde, apareceram as novidades: retratos
esmaltados para medalhas e os fotógrafos amadores, que viam na fotografia uma fonte de emoções e perenes recordações e começavam a descobrir-lhes os segredos. E o
desenvolvimento de Santa Maria, propiciando a existência de profissionais
permanentes. No capítulo IV, Getulio Schilling os enumera e lhes traça a
trajetória na cidade. Entusiasmado, se refere às revistas que, embora
fossem propaganda das companhias que
representavam, a Kodak e a Agfa, se constituíam, no seu entender, revistas de arte e de ciência fotográfica,
registrando novas conquistas e experiências, instituindo concursos,
transmitindo as novidades que surgiam. Conclui que, num futuro próximo – o seu
texto é de 1943 – a fotografia suplantará a tipografia e com seus poderes, o de
penetrar na atmosfera e no fundo do mar, o de mostrar, pela radiografia, o
corpo humano, e levá-lo, pela televisão, a lugares distantes, brevemente irá penetrar os íntimos refolhos da alma.
Na
segunda parte da publicação, dedicada ao teatro em Santa Maria, Getulio
Schilling fixa sua origem a partir de textos existentes. Minuciosamente,
inventaria os esforços para que a cidade tenha o seu teatro, os espetáculos e
os locais onde ocorreram. Um importante registro ao qual se acrescentam os
referentes às apresentações musicais e cinematográficas e que não é mais
completo porque publicações que, certamente, ofereceriam informações preciosas
foram de difícil consulta ou desapareceram. Obstáculos que faz constar: as repartições públicas dificultam a
consulta de suas coleções aos
estudiosos. A partir de um certo momento, não mais relaciona grandes
sucessos teatrais nem cinematográficos. Ao contrário do otimismo de suas
palavras quanto ao futuro da fotografia, nada de promissor ele vislumbra em
relação ao teatro em Santa Maria. Ainda assim, quer acreditar que o progresso
da cidade apresenta sinais de exuberante
vitalidade e com ele o teatro
marchará [..].
Pela
abundância de informações, esses dois textos de Getulio Schilling se constituem
um imprescindível material de consulta para estudos que venham a ser feitos
sobre os temas por ele tratados. E, deveras importante a sua publicação a permitir
o acesso a dados nem sempre facilmente disponíveis. Enriquecida por oportunas
notas elucidativas e por um conjunto de imagens que se apresentam valorizadas
pelo primoroso trabalho de Valter Antonio Noal Filho, A arte fotográfica e o
teatro em Santa Maria, além de se constituir uma valiosa pesquisa, é,
também, a expressão do justificável desejo de prestigiar os méritos de um filho
da terra.



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