domingo, 23 de fevereiro de 2003

Cidades.Porto Alegre

            No seu livro A Literatura no Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Mercado Aberto, 1982), Regina Zilberman se refere à nova composição social do Brasil da década de trinta, caracterizada pelo crescimento industrial e urbano a fortalecer a classe média e o operariado, dando ensejo ao aparecimento de uma ficção voltada para novos espaços e novas situações não mais marcada pelo regionalismo, mas em acorde com a prosa nacional. Entre os gaúchos que irão escrever, a partir de então, o romance urbano, irá sobressair Érico Veríssimo. Em 1942, publicou O resto é silêncio, cuja ação, como a de outros de seus romances que o precederam, se passa em Porto Alegre. Tem como gênese um fait divers que presenciou, num entardecer de outono de 1941: a morte de uma jovem que se precipitou de um edifício central da cidade. A partir dele, irá criar as sete histórias dos sete personagens que viram a caída do corpo o que lhe permite, como ele mesmo diz no prefácio, um corte transversal na sociedade que busca representar nas suas diferentes classes: os profissionais liberais, os intelectuais (ou pseudo-s intelectuais), o proprietário rural decadente, o empresário bem (ou mal) sucedido, os pobres que vivem de seu trabalho, os marginais. Histórias cujo cenário é Porto Alegre que menciona em vagas referências breves: o maestro que irá reger o seu último conserto em Porto Alegre; o homem de negócios que diante da falência eminente pretende fugir da cidade; o que repetirá com orgulho que as três palmeiras reais que se erguiam  de seu jardim, eram o primeiro sinal de Porto Alegre que o viajante avistava no horizonte, quer chegasse por água, quer chegasse por terra. Mas é, sobretudo, na menção ao rio que a banha, a seus bairros, praças, ruas e a seus edifícios referenciais, a entidades que lhe são muito próprias é que a geografia da cidade se estabelece. 
            Mais de uma vez se refere ao rio ou dizendo-lhe o nome ou a esboçar um breve cenário: Na superfície plácida do rio piscavam os faroletes vermelhos das bóias. Ao longo da curva da Praia de Belas estendia-se um colar de lâmpadas amarelas. As luzes de Pedras Brancas, do outro lado do Guaíba, tinham um azulado brilho de prata.  
            São vários os bairros citados – Floresta, Glória, Menino Deus, Moinhos de Vento, Navegantes, Partenon, São João – e em relação com algum personagem que nessa relação, viver num ou noutro bairro, já se define: a moreninha da Glória, o velhote que tem ourivesaria em São João, o Sete que morava entre Navegantes e São João, os meninos que se reuniam debaixo de um trapiche nos Navegantes, um olhar para os telhados da Floresta, um personagem que nasceu no Menino Deus, outro que lá tem a casa ou que aqueles que moram em Petrópolis. Por vezes, irão se constituir um elemento da paisagem: os morros verdes do Partenon, todos pintalgados de telhados vermelhos, paredes e muros brancos, riscados de ruas e estradas de ocre; telhados da Floresta, dum vermelho queimado e opaco; telhados vermelhos das vivendas, dos chalés, os morros da Glória e do Partenon. Igualmente, parte da paisagem, a praça Parobé onde vendedores ambulantes faziam discursos, mesclando literatura profética com pomadas milagrosas, alternando atos de prestidigitação com alocuções espíritas. A praça da Harmonia aparece numa fugaz lembrança do passado e a praça D.Sebastião, itinerário de personagens tanto como as ruas da Ladeira, da Praia, dos Andradas, Voluntários da Pátria, Avenida Farrapos. A rua Duque de Caxias e a rua Botafogo (menos recomendável) onde alguns fixam residência e a rua Dr. Vale em que a casa de proprietários ausentes se presta para o roubo. Generalizando, pelos olhos de um personagem, as ruas da cidade baixa, a parte mais antiga da cidade que haviam resistido à modernização: Não tinham o orgulho das ruas centrais, todas cheias de anúncios luminosos, vitrinas cintilantes e criaturas vaidosas. Do centro da cidade, são as igrejas: a do Rosário (onde um personagem vai reverenciar o Senhor Morto) e das Dores (em que um personagem pretende entrar, mas desiste para não levar para dentro os pensamentos sórdidos que o acometem) e onde outro, ao entrar, se lembra de sua primeira comunhão. Também centrais, são os vários prédios emblemáticos de Porto Alegre mencionados: o  Teatro São Pedro, a Santa Casa de Misericórdia, a Catedral, o Instituto de Educação, o Banco da Província (mencionado, apenas como o Província), o Mercado Público, o Palácio do Comércio, o Gazômetro, o Grande Hotel, o Auditório Araújo Viana. A eles se acrescem as referências ao cemitério Miguel e Almas, aos times de futebol, Internacional e Grêmio, adversários tradicionais, ao bonde Independência, ao abrigo, estação de bondes, conhecida por esse nome e que o romancista escreve com minúsculas e entre aspas. E aos periódicos Correio do Povo, Diário de Notícias, Folha da Tarde, Revista do Globo: um personagem pensa escrever um artigo, outro concede entrevistas; e há os que trabalham na redação ou na revisão e há o menino que pelas ruas faz as vendas.  

            Certamente, uma geografia bem precisa, feita de múltiplos elementos e que se adensa nas notas de um olhar do narrador ou do personagem Tônio Santiago, seu alter ego, que as cores impressionam: O outono andava a dar novas tintas à cidade. As folhas das trepadeiras, que cobriam as paredes de algumas vivendas dos Moinhos de Vento, faziam-se de um vermelho de ferrugem. Os plátanos do Parque começavam a perder as primeiras folhas. A luz do sol tinha a cor e a doçura do mel. Os horizontes fugiam. Por toda a parte as paineiras estavam rebentando de flores. Ou: Havia agora por trás da cidade, lá embaixo, um céu ingênuo azul com tons de malva, púrpura e ouro polvilhado. As casas e sombras pareciam ter sido pintadas em vários matizes violetas. O rio em certos trechos tinha uma lisura lampejante de espelho; noutros, era dum cinzento azulado e fosco; aqui e ali havia manchas escuras ou claras móveis ou imóveis, ilhas, aguapés, baços, baias, velas....    

Ao orientar os passos de seus personagens pela cidade, comprazendo-se em fixá-la na sua toponímia e nas suas instituições, Érico Veríssimo como que se deixa seduzir, quando, então, a descreve nos seus momentos de luz e de cor. E, certamente, deve acreditar, como o seu personagem desembargador Lustosa: Porto Alegre tem o mais belo céu do mundo, doutor.

           

domingo, 16 de fevereiro de 2003

Cidades. Veracruz/Xalapa


            E’ em Veracruz que Laura Díaz vinda, junto com a mãe, de uma propriedade rural, passa a viver, pela primeira vez, com o pai e o irmão. Carlos Fuentes, no seu conhecido propósito de entrelaçar destinos individuais e coletivos, centra nela o fio narrativo de seu romance Los años con Laura Díaz que a Alfaguara publicou em 1999. O relato, dividido em vinte e seis capítulos, se atém a datas precisas que abarcam todo o século XX e cada uma delas se acompanha de um lugar específico – um café, um trem, uma rua, uma cidade – que, necessariamente, não desenha o cenário em que se desenrola a trama porque ela se enovela à revelia do cronológico e do espacial. 
            Assim, a cidade de Veracruz. O terceiro capítulo do romance, “Veracruz:1910”, apenas, fugazmente, faz menção a algum aspecto da cidade que lhe dá o título. A referência a sua situação litorânea e portuária primeiro se faz, en passant, quando a mãe de Laura Díaz estabelece, ao se mudar, os mesmos horários e a mesma ordem da casa paterna que deixara para trás, considerando que por mais inquieto e deslavado que fosse o porto, o sol saía à mesma hora, fosse perto do lago da fazenda, fosse à beira do mar. A ela se acrescenta o registro do narrador sobre a variedade de peixes e mariscos que lhe permitiam sábias combinações culinárias. E se completa na menção ao mar da cidade, lento, plúmbeo, pesado, brilhante; e aos passeios de Laura Díaz com o irmão pelas docas onde ele lhe assinala os trilhos pelos quais deslizavam os furgões, carregados de cadáveres de operários assassinados que foram jogados no mar: deviam pagar a culpa, segundo o ditador de turno, de terem feito greve mantendo-a com valentia. Sem levar em conta a pouca idade da irmã, continua enumerando atos de repressão – lançar rebeldes acorrentados ao mar, fuzilar mineiros, manter trabalhadores em escravidão, prender os que se opõem – contra os que pedem algo tão simples, no seu entender, como democracia, eleições, terra, educação, trabalho.

            No capítulo seguinte, será dito do calor das noites de Veracruz, de suas rápidas tormentas estrondosas a mostrá-la diferentes de Xalapa, cidade serrana de dias cálidos e noites frias, novo local de residência da família de Laura Díaz que deixara para trás seu irmão, fuzilado por conspirar contra o governo federal. Carlos Fuentes diz de sua chuva fina, persistente, a tornar tudo verde e a encher, completando sempre, até as bordas, a represa de onde ascendia a leve bruma da cidade. Depois, a esboça pelas percepções de Laura Díaz: ar frio-chuva e chuva pássaros-mulheres vestidas de negro-jardins belos-bancos de ferro-estátuas brancas pintadas de verde pela umidade-telhados vermelhos-ruas estreitas e empinadas-cheiros de mercado e padarias, pátios molhados e árvores frutíferas, perfume de laranjeiras e fedor de matadouros. É, ainda, menina, nos seus indecisos doze anos, disposta a perder o amadurecimento prematuro que lhe dera a morte do irmão, disposta a ser menina outra vez, a se deixar guiar pelo olfato, fazendo-se de cega para reconhecer o úmido dos parques, a abundância das flores, os cheiros de couro curtido, de algodão, de tintas, de sapataria, de farmácia, de barbearia, de percal, de café fervido e de chocolate espumante.

            Veracruz, insinuada em breves traços, cuja presença irá se impor no enumerar das torpezas que são parte de sua História e da História do Continente. Xalapa, pressentida nos odores, guiando a sua descoberta. Partes de um México penalizado pela opressão, enriquecido pelos seus múltiplos significados de vida. Repúdio e exaltação num fazer constar que o escritor, servindo-se dos recursos que lhe permite a ficção, enraíza nesse mundo que lhe pertence e que revela feito de realidades e de lembranças.

domingo, 9 de fevereiro de 2003

Cidades. Cartagena de Indias.

            Com um grito mordaz, o motorista, antes do final da viagem, interrompida por estragos que paralisaram o ônibus, anuncia -A Heróica!, epíteto pelo qual é conhecida Cartagena de Índias. Gabriel García Márquez havia abandonado, às pressas, Bogotá, transformada em indescritível terreno de batalha, no dia 9 de abril de 1948, pelo assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, advogado cujos ataques à oligarquia não eram perdoados, obedecendo à decisão determinante dos pais de que saísse da capital e fosse para Sucre. Deixou-se, no entanto, convencer por condiscípulos, diante da possibilidade de continuar os estudos em Cartagena de Índias. Depois de um interminável vôo em DC-3, destinado ao transporte de tropas que o levou até Barranquilla e de uma jornada de seis horas, numa estrada sinuosa, ainda lhe restava, e a todos os demais viajantes, percorrer a pé, a distância que os separava da cidade, escondida pela muralha legendária que a manteve a salvo de gentios e piratas nos seus anos grandes e tinha acabado de desaparecer sob um emaranhado de ramalhadas desgrenhadas e longas réstias da campânulas amarelas. Primeiro, lhe vislumbra as cúpulas das igrejas e dos conventos, no entardecer enevoado.Logo, ao entrar, pela porta do relógio e vê-la em toda a sua grandeza sente-se renascido e a descreve num belo texto de seu livro de memórias Vivir para contarla (Buenos Aires, Sudamericana, 2002) em que se entremeiam algo desse velho passado da cidade e das vivências de seu pai com as impressões que lhe entraram pelos olhos. Lembra que durante cem anos, uma ponte levadiça unia a cidade velha com os densos arrabaldes dos pobres, mas somente durante o dia, pois os espanhóis, temendo agressões, se isolavam desde as nove horas da noite até o amanhecer; narra os momentos do portal dos Mercaderes que, no tempo da Colônia, abrigava não somente o comércio de escravos como o descontentamento com o domínio espanhol e que teve o nome mudado, devido aqueles que escreviam cartas de amor e todo tipo de documentos para iletrados pobres e os que copiavam, às escondidas, obras condenadas pelo Santo Ofício e que acabou por se chamar Portal dos Doces, quando os pregões proclamavam, em versos, os doces feitos pelas mulheres que, também, lhe inventavam nomes. O mesmo portal que era, nesse tempo em que Gabriel García Márquez chega na cidade, um centro vital onde se ventilavam assuntos de Estado nas costas do governo e o único lugar do mundo onde as vendedoras de fritadas sabiam quem seria o próximo governador antes que o pensasse, em Bogotá, o presidente da República. O fascínio que a sua algaravia provoca em Gabriel García Márquez não será menor  daquele que sente, percorrendo as ruas estreitas e tortas que não permitiam o trânsito de automóveis e onde ressoavam à noite, os cascos dos cavalos e o barulho das fichas nas mesas de dominó, entretendo os moradores da cidade amuralhada. A emoção que sente diante dos palácios dos marqueses, da catedral sem os sinos, pois o pirata Francis Drake os levara para fabricar canhões, lhe provoca lágrimas e as árvores murchas e as estátuas dos próceres se lhe revelam cheias de uma vida que em tudo diferia do testemunho dos historiadores, fazendo-o entender que à cidade não a sustentavam suas glórias marciais, mas a dignidade de seus escombros. Enleia-se na lembrança do pai que, em outros tempos, na Cartagena de Índias do começo do século XX, escrevia, para terceiros, cartas de amor, pouco rentáveis, e na do avô, legando-lhe a admiração por Simon Bolívar, antes de viver, verdadeiramente, a cidade nessas primeiras horas de surpresas. Entende que esse lugar, uma taberna a céu aberto onde se comia por bom preço e melhor companhia, seria um dos lugares inesquecíveis de sua vida, inserido nessa noite que tinha se tornado diáfana e fresca sob a luz da lua cheia e em que o silêncio parecia uma substância invisível que podia se respirar como o ar.
            E suas memórias que, ao se prender a fatos, a datas, a lugares, se submetem, sobretudo, à precisão lingüística, se iluminam, nesse breve texto em que o romancista se abandona, outra vez, à emoção nascida de Cartagena de Índias.

domingo, 2 de fevereiro de 2003

Cidades. Buenos Aires


            No dia 14 de maio de 1928, aparece em Buenos Aires, o jornal El Mundo, um tablóide que se inscreve, pelo seu formato, pela sua diagramação, pelas notícias breves e de leitura fácil, num jornalismo definido por novos processos enunciadores da informação e por uma moderna tecnologia. A tais quesitos, o primeiro diretor, Alberto Gerchunoff, com a sua rica experiência em periódicos, onde exercia a crítica, incorpora, no corpo editorial, jovens escritores e, assim,   consolida um público que, até então, fora fiel a outros jornais. E Roberto Arlt que havia publicado, dois anos antes, El juguete rabioso, seu primeiro romance, além de uma importante colaboração em outros periódicos, assume a nota de costumes, então usual nos jornais da época e manterá cativos a milhares de leitores que o foram acompanhando no itinerário percorrido que só irá se interromper com a sua morte, em 1942. Iniciou-se com “ Aguafuertes porteñas” que, em junho de 2000, a Losada de Buenos Aires, reuniu sob o título Aguafuertes porteñas: Buenos Aires, vida cotidiana. A introdução de Silvia Saíta, em detalhes, lhe situa os principais tópicos – descrição de ruas e de bairros – que são o resultado de um trabalho originado num caminhar constante pela cidade e que lhe permite fixar tipos, costumes e conversas.

            Dezenas de tipos, desde os mais humildes até os que se permitem comprar o luxo supérfluo exibido nas vitrinas; os passeios diários na mesma rua; o sentar-se na calçada em frente da casa nos entardeceres de domingo; os namoros feitos de olhares; a atmosfera de Nova Iorque, transplantada, impondo o prestígio dos bares automáticos, dos sapatos amarelos, dos luminosos coloridos. E um ou outro diálogo entabulado ao acaso, que reproduz, fixa, sem inocência, um traço de caráter dessa imensa galeria que nenhum latino-americano desconhece, cuja suprema aspiração é viver sem trabalhar. Sob a rubrica “Elogio da vagabundagem”, um dos textos tem por título “O engraxate”. Roberto Arlt o inicia, contando que entrou no local, admirado de que o dono admitisse como empregado um tal bandoleiro que logo lhe foi dizendo:- Maldita miséria! Estou com uma preguiça. Diga, não é preferível sair para roubar?. Como resposta, a vítima (pois com a escova de lustrar os sapatos ele quase lhe destroçava os pés), pensando que bela alma de ladrão essa fera tem, lhe pergunta o que lhe agradaria fazer. Sintético, definitivo, o homem suspende a escova no ar [...] e como quem quer se livrar de um peso, responde: - Nada.

            Porém, Roberto Arlt vai, muitas vezes, além das breves descrições e das historietas. Sabe mostrar-se um crítico irônico ou mordaz diante da mediocridade e das incongruências que alimentam, quase sempre, o viver do Continente. Quando, por exemplo, observa o cotidiano dessas moças e moços, pobres empregados do comércio que passam o dia à espera de fregueses e enquanto isso conversam. Tudo o que eles tem para dizer, afirma o cronista, podem expressá-lo numa hora e três minutos. Logo o crânio permanece em disponibilidade. Ou quando constata que as festas são para os ricos, para os que podem pagá-la e quão pouco é dado ao pobre para que se divirta. Sente pena – diz que a alma lhe cai até os tamancos – como também dos que se submergem na solidão e que, deveras, não são poucos, perdidos no universo das cidades: o indivíduo que pelos acasos da fatalidade, se sente ilhado, só, perdido, o homem que, queira ou não, tem que se apoiar, exclusivamente em si mesmo e se converter numa espécie de urso solitário, de fera domada que esconde suas lágrimas e que, nas praças, oásis da civilização, arrasta sua fadiga [...], refugiando-se, ao entardecer, como essas feras que se ocultam para esperar que cicatrizem suas feridas, a aguardar que a noite chegue e o sono ou a morte. Aí está, sem dúvida, o romancista, emergindo dos textos que deve ao jornal, escritos em meio ao ruído agitado das redações e que remetem ao universo social de Buenos Aires tanto quanto a sua ficção, ao preconizar que da realidade social nascem os hábitos e os valores, as desigualdades, as opressões e os conflitos. Neles é que se enovelam os seus testemunhos e Buenos Aires se mostra, então, plena de vida e sem disfarces nas suas injustiças e nos seus ridículos.