Em 1979, foi vencedor do
Concurso de Contos do Paraná com alguns dos episódios que, em 1981, fariam
parte de um livro publicado pela L&PM, Ibiamoré
o trem fantasma, agora em segunda edição pela Mercado Aberto de Porto
Alegre.Relatos construídos ao redor de uma lenda muito simples: o repetido trajeto do trem fantasma que percorre as planícies do Rio Grande do Sul, atraindo nas suas paradas, passageiros que, levados por uma razão ou outra, enfrentam o desafio de se lançar na viagem que sabem sem retorno.
Sempre em número de quatro,
os relatos se agrupam sob onze topônimos, nome das estações. No primeiro, a
lenda contada em suas diferentes versões. Seguem-se os outros três: histórias
heróicas de índios no momento de confronto com os ibéricos, dramáticas
histórias de amor entrelaçadas às dos próprios cronistas, narradores que, se
baseando em páginas ficcionais, cartas, artigos, testemunhos anônimos contam ou
relembram, por mero prazer ou por inequívocas intenções moralizantes, fatos
acontecidos no extremo sul do país.
E uma História do Rio Grande
do Sul se faz.
Numa ficção que ao não
eludir o que existe de ambíguo no mundo que retrata, se torna de perfeita
verossimilhança; ainda que alimentada por esse mítico aparentemente maior do
que as interrogações que, subjacentes, povoam o texto.
Mas, no Continente, sobre
dúvidas que envolvem a verdade inconteste da religião, sobre preconceitos, sobre
injustiças, quase nunca há respostas.
E Roberto Bittencourt
Martins não o ignora. Por isso, entre as muitas metáforas de seu texto há
também espaço para as entrelinhas.
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