Em 1964, recebeu o Prêmio
Biblioteca Breve da Editora Seix Barral de Barcelona com Três tristes tigres. Esse romance,
originariamente se chamaria Vista del
amanecer en el trópico, título que serviu para outra de suas obras,
publicada, também pela Seix Barral em 1974 e que é constituída de breves
relatos.
O primeiro e o último tratam
de um espaço geográfico: a longa ilha de cor verde, com algo de dourado ou de
vermelho. Entre o oceano e o golfo aí está,expressão
com que termina o primeiro texto. Bela e verde, imorredoura, eterna, são as últimas palavras do livro
que assim definem a ilha no último texto iniciado com a expressão
e aí estará que torna circular a
estrutura da obra. Nela, se inscreve a história dos homens que, ao longo dos
anos, pelas mesmas razões ou por aquelas que se querem diferentes, foram
perseguidos e maltratados e mortos.
Não há datas, não há nomes,
não há topônimos, somente fatos que sendo sempre os mesmos se repetem e se repetem
como se o relato começasse outra vez: a morte pelo fogo dada ao índio; o
tratamento de exceção sofrido, invariavelmente, pelo negro; o massacre que
sempre acaba por ocorrer nas lutas desiguais, o definitivo castigo para os que
se revoltam ou conspiram; as leis injustas e inconseqüentes; as sessões de
tortura; os cadáveres abandonados em lugares públicos para servir de exemplo
aos que tencionassem fazer reivindicações.
Entre esses relatos
dedicados à tristeza dos humanos do Continente que o passar do tempo não
ameniza e às lutas, nem sempre vitoriosas que devem empreender, tentando fugir
dos malfadados destinos, se insere um cenário: la sierra, a cordilheira. Que somente é alcançada depois das planícies,
potreiros, pomares e rebanhos, erguendo-se entre os pântanos e o mar: quando
começam a aparecer os coqueiros e as palmeiras, as árvores de madeira preciosa,
as orquídeas selvagens, por vezes as frutas – a goiaba, o mamão, a manga – logo
substituídas pelas espécies gigantes unidas por espessa vegetação. E há todo um
mundo de insetos, de borboletas, de pássaros. O ar se torna tênue e as nuvens
muito próximas. Tão próximas quanto os abismos de quedas verticais. Vez por outra,
um planalto inteiramente verde, desde o solo coberto de um verde tapete vegetal e das árvores e arbustos cobertos de
líquens até a própria luz solar que se mostra verde.
Paisagem anódina, delineada
em traços rápidos, breve relâmpago de harmonia entre os quadros que se sucedem
para compor a história de heroísmos e traições que os homens instauraram na
ilha.
O heroísmo dos que enfrentam
com tranquilidade a morte decidida pelo mais forte ou o de suportar todas as
perdas. A traição ignóbil presente em cada luta que não respeita os que se
rendem nem os que ainda acreditam nas palavras proferidas.
Uma história que é feita
sobretudo de desacertos e de esperanças nos quais se enredam os habitantes do
Continente.
Porque a Ilha estará sempre aí, a mercê dos homens que conduzem seu destino.

Nenhum comentário:
Postar um comentário