
100 gotas de sangre y 200 de sudor tem como
dedicatória “Para Isabel, veinte años después”. Vários significados poderia ter
esse oferecimento tardio se não tivesse uma explicação muito simples: apenas o
tempo transcorrido entre a criação da obra, terminada em 1941, e sua
publicação, pela Zig- Zag de Santiago, vinte anos depois.
Na origem, uma obra volumosa da qual
fazia parte outro romance de Carlos Droguett, Supay el Cristiano que, por
razões de custo, foi dividida em duas partes, publicada primeiro, a
segunda parte e, seis anos depois, a primeira.
As páginas finais de Supay el Cristiano descrevem a morte
dos sete caciques reféns dos espanhóis que foram sacrificados para , talvez,
assim, livrar da morte os habitantes da cidade atacada pelos índios.
100
gotas de sangre y docientas de sudor se inicia com a volta de Pedro de
Valdivia para Santiago que encontra destruída e incendiada pelos índios e Inés
Suárez querendo lutar contra a fome que iria reinar na cidade em desolação. Em
suas brancas mãos está o pão dos espanhóis: o punhado de sementes que salvou e
que deseja ver transformadas em espigas. Mal escuta as palavras do capitão a
lhe falar. Estava olhando o campo,
apertando as mãos sobre o trigo como uma avezinha desamparada, procurando a
terra para depositar o seu tesouro. Espalhava o grão com cuidado na terra
recém aberta e quando uma longa fileira foi semeada começou a cobri-la. O
capitão a afastou para, com a folha da espada, firmar a terra sobre a semente.
Estava em silêncio e assim trabalhava. Inés Suárez lhe diz que, por ordem de
Deus e do rei ele possui a terra que segura entre as mãos e sobre a qual está
ajoelhado. Que não trabalhe calado e sim
lance sobre ela uma bendição para que não mate a semente. Senhora – Pedro de Valdivia a interpela – quem deve bendições à terra para que não apodreça o grão é vossa boca. Vós nos deveis o alimento. Não
foram essas mãos as que mataram o índio para que o espanhol vivesse?
Para salvar-se e a cidade, Inés
Suárez, com suas mãos, degolara os sete caciques índios. Agora suas mãos semeiam
o trigo.
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