No
dia 28 de setembro de 1989, em Barcelona, acaba de sr impresso, pela Muchik
Editores, La luna que cae. Segunda parte de uma trilogia cujo primeiro
volume, Criador de palomas foi publicado pela Bruguera de Buenos Aires,
em 1984, e pela Muchnik, em 1989, ano em que, também, apareceu em francês, pela
Actes-Sud de Paris. Prometida para a
primavera européia deste ano, a terceira parte, El soñador de Smith.
Em
Criador de palomas, o menino, personagem central da narrativa, aprende
da vida o amor, a ternura, a dor e a perda. Em La luna que cae, ele a
enfrenta.
O
adolescente que tomara o trem para partir para o sul, para o frio, retorna. As
últimas páginas de Criador de palomas dizem desse retorno e dos
reencontros. O tempo havia passado. Era verão em Algarrobos e após os anos de
ausência, na praça da pequena cidade, os laços que, aparentemente mal existiam,
se estreitam. Em La luna que cae, o adolescente se fizera homem e
voltara para se ancorar na velha casa de sua infância e no amor de Rosita.
A
narrativa desses amores e dos fantasmas que habitam o Pibe (Guri) e Rosita é
quase só um sugerir. As vozes, poucas, mal se alçam para falar a meias ou em
sussurros. Pibe quase sempre silencia e Rosita pouco fala. O leitor é informado
de seus temores, desejos e alegrias por um narrador que lhes segue os
pensamentos mas que não se dispõe a elucidar dúvidas. E, então, o que ignoram Rosita e o Pibe é, também, o
que ignora o leitor.
O
verão se escoa na felicidade dos amantes que se submergem em erotismo, em ternura. E, o
passado que se insinua na força das lembranças (morte e vida), como o presente
de surpresas vis (morte e hipocrisia) não é tão forte que impeça a vitória do
amor.
Só
ele merece todas as palavras. A morte do Negro, tio que fez o papel de pai para
o Pibe, o suicídio do pai de Rosita são momentos da narrativa que se furtam à
clareza. Vozes se calam, o narrar se interrompe. Sobre o poço que abriga os
cinco cadáveres, nódoa que se instala no verão de Algarrobos, nada se
explica como não se explicam as mortes
que contém, a identidade dos cadáveres, por que ali foram jogados ou por qual
razão. Mortos que alguém afirma não serem da cidade e, por isso, só provocam
perguntas e dúvidas que, nem por um instante, alguém deseja ver respondidas ou
elucidadas. O Pibe gostaria de saber, mas cala. Clementino diante do espetáculo
macabro, com algo de reprimido no
seu íntimo, pouco ou quase nada deixa transparecer.
E,
se os personagens não querem ( evitando compromissos) ou não podem saber (
porque em torno dos fatos reina o silêncio), compete ao leitor entender além do
que lhe é narrado.
Gerardo
Mario Goloboff, também escritor de poemas e de crítica literária, é argentino.
Em La luna que cae ele apenas esboça os seus personagens, ele apenas
conta algo de suas vidas que transcorrem nesse povoado de nome inventado.
Mas,
aí está – e nisso consiste a sua
maestria – e muito clara, a presença de seu país e com ele, o mapa do
Continente.

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