Nunca vi um lugar mais belo. Folhas de
palmeira tão grandes que servem para cobri o teto das casas. Na praia, milhares
de conchinhas nacaradas. E sempre, a mesma sinfonia do canto dos pássaros. Assim descrevia Cristovão
Colombo as costas orientais de Cuba oito dias depois de chegar ao Novo Mundo.
E, em nome dos reis da Espanha, ele tomou posse da ilha para um domínio que só
iria terminar no dia 10 de dezembro de 1898 quando, pela Tratado de Paris, a
Espanha, finalmente, a ela renunciou.
Foi,
portanto, numa colônia espanhola que chegou Fredrika Bremer, romancista sueca,
autora de várias obras ( La familia, El presidente y sus hijas, Nina,
Los vecinos, Herta, La casa), escritas entre 1831 e 1860.
Após visitar os Estados Unidos, de Nova Órleans, ela viaja para Cuba. Das
cartas que escreve à irmã e nas quais conta a sua descoberta do Continente,
cinco tratam de Cuba ( as de número
XXXII à XXXV). Propriedade do Instituto
Iberoamericano da Universidade de Gotemburgo, foram traduzidas para o espanhol
e publicadas em La Habana pela editora Arte e Literatura, em 1981.
Embora
tenha observado, com muita curiosidade, a arquitetura local em que as casas são
pintadas de azul, amarelo, verde ou alaranjado para evitar o brilho da luz
sobre as paredes ,e, minuciosamente, descrito a vida familiar e social e as atividades públicas e comerciais das
cidades que visitou, Fredrika Bremer se deixa impressionar, sobretudo, pela
maravilhosa natureza dos trópicos que, em tudo, contrasta com as neves de seu
país natal.
Na
primeira carta, datada de 5 de fevereiro de 1815, diz que se encontra sob um
céu claro e cálido, que o ar é esplêndido e delicioso. Nas páginas seguintes, a
emoção de escutar os gorjeios dos pássaros e as vozes das lagartixas que povoam
a noite como se fossem cantos de pássaros noturnos; ou o prazer que lhe
proporciona a visão de milhares de colibris ao redor das flores coloridas e das
palmeiras se movendo ao vento.
Uma
natureza em que o sol aquece, as árvores dão frutos e a lua exibe uma luz
rosada Onde não existe nenhuma planta tóxica, nenhum animal venenoso. Onde nem as
abelhas tem veneno no seu aguilhão.
Mas,
para conhecer as plantações de cana e de café, Fredrika Bremer se adentra na
ilha. Então, ela testemunha a vida dos escravos, os dias sem descanso, a força
do látigo. Senzalas iguais a todas as que povoaram tantos outros territórios do
Continente.
Na
embriaguez do ar, na luz radiosa da ilha, no colorida que desabrocha das casas
e das flores, irrompe a sombra. A escritora sueca não a elude e se detém no
sofrimento dos negros e nas injustiças e maldades dos brancos.
Porque o
homem ibérico fizera sua entrada no paraíso.

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