Depois
de ter recebido a Orden del Sol do Peru, a Orden Condor de los Andes da
Bolívia, Juana de Ibarbourou, em 1945, foi homenageada pelo Brasil com a Ordem
do Cruzeiro do Sul.
São
versos que se enraizaram na natureza de seu país, talvez na paisagem de Melo,
cidade quase na fronteira com o Brasil, onde nasceu a 8 de março de 1895. Neles
resplandecem flores (rosas, dálias, amapolas, lírios, cravos, glicínias,
magnólias), árvores (cedro, pinheiro, cipreste, o ceibo e o algarrobo), as
fontes, a água pura, a chuva, o vento.
Na
verdade, nada que identifique esse pedaço da América onde nasceu para falar de
amor. Embora possa ter dito num poema de seu primeiro livro que para falar de amor o que vale é o silêncio,
não deixa de acreditar no diálogo, ainda que não precise de palavras: Serão nossas pupilas duas línguas de
diamante/ Movidas pela magia de diálogos supremos. Um amor que deseja ser entrega submissa, água viva a
deslizar aos pés do amado, cão a guardar-lhe os passos. Amor que se quer
presente, sem esperas: toma-se, agora,
que ainda é cedo/ e tenho dálias novas
nas mãos. Ou, Cresci / Para ti / Poda-me.
Minha acácia – Implora de tuas mãos o
seu golpe de graça.
Sobretudo,
nesse primeiro livro, um amor narciso, expectante e de difusa sensualidade. Narcisismo que se
contempla: meu rosto moreno, sou esbelta
e morena, Meu corpo está impregnado do ardente aroma de capim maduro, Meu
cabelo sombrio, esparrama ao destrançá-lo, cheiro de sol e de feno. Narcisismo
que se escuta nas melancolias adolescentes : ( me entedia esta a vida tão
monótona e triste), nos desejos do desabrochar do corpo ( desnuda-me, amante), nos anseios da
espera ( e, minha alma que deseja uma cruz de amor grande e doído, de paixão e martírio). E do qual fazem parte o sabor das
frutas, as cores do mundo, o roçar
dos elementos e do homem amado (teus lábios nos meus lábios derramaram mel,
meu amante beijou-me as mãos e nelas,
como estrelas, brotaram rosas).
Universo que se expressa nos verbos ser, amar,
sentir. Talvez os mais fáceis de serem
conjugados, talvez os mais fáceis de serem entendidos.
Ao
tomar posse na Academia de Letras de seu país, Juana de Ibarbourou reconhece
que a poesia foi o seu destino: Vai-se andando,
vai-se sofrendo, vai-se cantando.
E, com tais palavras resume,
também, o destino do Continente.

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