Digamos
que, no princípio, tudo devesse ser compartilhado; que o conhecimento, como um
bem incomensurável, se constituísse de algo, realmente, a ser transmitido: uma
aula, o espaço aberto aos que dela necessitam, um texto acessível a todo e
qualquer leitor. Utopia que somente poderia ser realizada se a classe que
detém, também, o saber – e que já possui muito além daquilo que necessita –
aquiescesse em proporcionar condições às outras para que pudessem resolver os
seus problemas. Fossem eles elementares problemas de sobrevivência ou algo tão
simples, aparentemente tão sem importância, como ter condições reais de
escolher suas leituras.
Uma
responsabilidade que desde sempre vem sendo declinada pelas elites, embora lhes
tenha sido atribuída, já no século XVIII por Voltaire e, mais tarde, por
aqueles que acreditam ser imprescindível ampliar o seu papel na sociedade e tornar-se participante do processo das
transformações. Isso por lhes ser difícil conviver com as dicotomias de um
Continente onde à maior parte da população tudo é negado e à outra, tudo
permitido. Lei única a reger o cotidiano e o futuro dos vários universos do
Continente.
Universos
que precisam se conhecer e se mensurar e se unir, para fortalecidos, mudar o
seu destino que vem sendo selado em
outros hemisférios e por aqueles que somente querem deles usufruir. Daí ser a sua imagem tantas vezes negada,
esquecida, repudiada. Daí os preconceitos e leis desintegrarem o espaço de
todos, separarem povos irmãos que tantas misérias e grandezas têm em comum,
para forçá-los a se espelhar ( e, assim, se anular) em outra (prejudiciais e
estranhas) realidades.
Assim,
falar dos espaços e destinos desse Continente
é tentar refletir e, quem sabe, levar à reflexão. Dizer das palavras
nele geradas é desenhar caminhos com à paixão, o quê, talvez, induza a realizá-los, a percorrê-los.

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