O
sol e o pampeiro lhe tingiram a pele. Falava baixo e pausado e tinha os olhos
azuis. José Artigas, um dos libertadores da América.
Capitán luminoso, jinete del escalofrio, caudillo
del rumbo, centauro de la polvoreda
o chamou Pablo Neruda no seu Canto general. Nos pampas do Uruguai,
conforme testemunho do inglês Robertson, sentado numa caveira de boi, perto do
fogo, vai ditando as cartas a seus dois secretários. Pelo chão, espalhadas, as
muitas que lhe chegavam da província inteira.
Pobremente
vestido com um velho poncho, ao mesmo tempo, ele bebia genebra, fumava,
conversava e despachava todos os assuntos que lhe caíam nas mãos.
E
foi em setembro de 1815 que José Artigas decretou os regulamentos que dispunham
sobre as terras, sobre os direitos alfandegários e sobre o comércio de seu
país. Que as terras fossem repartidas entre os que, laboriosos, não as
possuíam; que os livros não pagassem impostos de importação; que o comércio e a
indústria estivessem nas mãos dos uruguaios.
Claras
e límpidas resoluções que assegurariam, no seu entender, o trabalho e o
desenvolvimento voltados para um grande mercado comum regional. No sistema que engendrou,
a nação seria formada pelos que nela nascessem.
Por
isso, os forâneos de outros hemisférios logo lhe fizeram cerco e José Artigas, el capitán luminoso, terminou seus dias, solitário, num exílio que durou trinta anos.

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